Vinho da casa vem agora com rótulo do restaurante
Restaurantes paulistanos como Pasquale, Forneria San Paolo, La Tasca e Bráz Pizzaria estão investindo em vinhos importados com rótulos próprios. A casa divulga sua marca e o cliente ganha a certeza de estar pedindo um produto de qualidade. O preço das garrafas escolhidas para harmonizar com os pratos varia de R$ 65 a R$ 120.
A onda começou há cerca de um ano e vem ganhando adeptos. "Sempre chegava um cliente perguntando por que a casa não tinha vinho próprio", conta Pasquale Nigro, dono do restaurante italiano que leva seu nome em Pinheiros. "Isso se repetiu tantas vezes que fui atrás da vinícola Saladini Pilastri, da região do Marche, no centro da Itália."
Entre esses clientes estava o empresário Wesley Garcia Jansen, de 55 anos. "O Pasquale tem ótima adega, mas, como em qualquer lugar, nem sempre os rótulos mantêm a mesma qualidade", afirma. "Sabia que, se tivesse um vinho com seu rótulo, a qualidade estaria garantida."
Harmonização. Pasquale explica que optou por uma bebida leve e de acidez pronunciada. "Combina com molhos vermelhos. Leva 50% de Sangiovese e 50% de Montepulciano D'Abruzzo." Batizado de Eccolo, com o nome Pasquale logo abaixo, chegou às mesas do restaurante no mês passado. Custa R$ 75.
O vinho da casa facilita a vida de quem não entende muito de vinho. "Na Forneria (San Paolo), muitos clientes perguntavam qual o melhor tipo para harmonizar com nossos sanduíches", lembra Denise Schirch, diretora do grupo. "Clientes não têm obrigação de saber, é trabalho nosso. Procuramos um vinho que pudesse representar a marca. Negociamos a compra do lote inteiro e colocamos o rótulo." O vinho da Forneria é um Chianti, produzido e engarrafado pela vinícola Ginestruzze Uzzano di Bastali Chiara, da região da Toscana.
No Tasca da Esquina, restaurante português inaugurado há um ano, o vinho da casa virou um sucesso de vendas. Entre os 200 rótulos da adega, é o mais vendido. Produzido pelo enólogo Paulo Laureano Vinus no Alentejo, o vinho Splendidus (R$115) leva também o nome do chef e sócio do Tasca da Esquina, Vítor Sobral. "Ter o rótulo na garrafa é uma boa forma de divulgar o restaurante", diz Ronaldo Poiatti, diretor do Restaurante Serafina. "Tanto que o Serafina é o único vinho que entregamos ao cliente do delivery. É uma questão de marketing."
Segundo Percival Maricato, diretor da Associação de Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo, o Brasil está seguindo os passos dos países europeus, que usam o vinho da casa para fidelizar a clientela. "A diferença é que aqui ninguém produz uma bebida especial, mas já garante um bom custo-benefício ao cliente", diz. "Isso começou com os restaurante mais sofisticados, mas vai se democratizar. O brasileiro ganhou em poder aquisitivo e também em cultura."
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