quinta-feira, 24 de novembro de 2011

METFORMINA NA CURA DE CÂNCER

Veja

Droga usada contra o diabetes pode reduzir risco de câncer

Câncer de mama: também associado ao diabetes, esse tipo de câncer é o mais comum entre as mulheres

Uma droga de baixo custo que trata o diabetes tipo 2 tem se mostrado eficiente em prevenir o câncer de mama. Estudo publicado por pesquisadores americanos e coreanos no periódico científico PLoS One aponta que o medicamento metformina consegue evitar que uma série de substâncias químicas naturais e artificiais estimulem o crescimento das células desse tipo de câncer — evitando, assim, que a doença se desenvolva e se espalhe pelo organismo.
A pesquisa, conduzida por James Trosko, professor de pediatria da Universidade Estadual de Michigan, e colegas da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, fornece evidências biológicas para pesquisas epidemiológicas anteriores de que o uso prolongado de metformina para o diabetes 2 reduz os riscos de cânceres associados ao diabetes, como o câncer de mama. "Pessoas com diabetes tipo 2 são conhecidas por terem alto risco de diversos cânceres associados ao diabetes, como o de mama, de fígado e o pancreático", diz Trosko.
Pesquisa — Para o estudo, Trosko e colegas focaram no conceito de que o câncer se origina de células-tronco adultas humanas e que há diversas substâncias naturais e químicas que aumentam o crescimento das células mamárias cancerígenas. Usando placas de cultura, eles cultivaram tumores de mama em miniatura, que ativavam um certo gene das células-tronco (Oct4A). Os tumores foram, então, expostos ao hormônio estrogênio natural (um conhecido fator de crescimento para esse tumor) e a outras substâncias químicas artificiais, que promovem o aumento do tumor ou que interferem no sistema endócrino.
A equipe de pesquisadores descobriu que tanto o estrogênio quanto os demais químicos faziam os tumores aumentarem em tamanho e número. Entretanto, quando a metformina era adicionada, os tumores diminuíam. "Enquanto estudos futuros são necessários para entender a reação da metformina, nossa pesquisa revela a necessidade de determinar se a droga pode ser usada como prevenção para pessoas que não têm indicativos da existência de câncer", diz Trosko.
A pesquisa não é a primeira a relacionar a metformina, originalmente prescrita para o tratamento do diabetes, à morte de tumores. Pesquisadores brasileiros já haviam descoberto sua utilidade para o tratamento de vários tipos de câncer, e espanhois descobriram que ela pode ser usada para prevenir a síndrome do ovário policístico.

APROVADA LEI ANTIFUMO

Folha



Senadores estendem a lei antifumo para todo o país



O Senado aprovou uma medida provisória que proíbe o fumo em ambientes fechados de acesso público em todo o país.

Até os fumódromos, áreas criadas especificamente para fumantes em bares, restaurantes, danceterias e empresas, ficam proibidos.
Hoje, leis semelhantes já vigoram em São PauloRio de Janeiro e Paraná.

A medida passará a valer a partir da sanção do texto pela presidente Dilma Rousseff. A proposta, porém, ainda depende de regulamentação para fixar valor de multa.

O projeto é semelhante ao aprovado pelo então governador José Serra (PSDB) em São Paulo. No Estado, o dono do estabelecimento onde ocorre a infração pode pagar multa de até R$ 1.745.

Mas a medida aprovada pelo Senado é ainda mais restritiva, porque bane até as tabacarias --locais onde é possível fumar desde que não haja comida e bebida.

A proposta, que começou a tramitar no Congresso em agosto deste ano, foi aprovada de maneira simbólica.

Outras alterações foram aprovadas no Senado. Uma delas é a que prevê que, a partir de 2016, os maços de cigarros também tragam mensagens de advertência sobre os riscos do produto à saúde em 30% da parte frontal (hoje existe só na parte de trás).

Pontos de venda de cigarro não poderão mais ter propaganda. Eles deverão apenas expor os produtos e suas advertências à saúde.

Essas restrições foram comemoradas pelo ministro Alexandre Padilha (Saúde). "Dados de outros países mostram que restringir o uso do cigarro em espaços coletivos e a propaganda no espaço de venda contribuem para reduzir o fumo", afirmou à Folha.

No Brasil, estima-se uma população fumante de 15% --em 1989 era de quase 35%.
Padilha, porém, criticou outro ponto da medida provisória, que libera a publicidade do cigarro em eventos.

ALTERAÇÕES

O projeto passou por várias alterações na tramitação. Na Câmara, o relator Renato Molling (PP-RS) era a favor do fim dos fumódromos, mas tentou abrir a possibilidade de que alguns locais (como restaurantes e boates) fossem totalmente livres para o fumo. Não teve sucesso.
"Nossa proposta era mais ampla, se protegia um pouco mais a produção e os fumantes", disse o deputado, que vem do principal Estado produtor de tabaco.

A Souza Cruz e Philips Morris, duas das maiores produtoras de cigarro do país, não quiseram comentar o caso.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CUIDADO COM O PANGA !

Das Porandubas Políticas
Gaudêncio Torquato


Cuidado com o panga !

Estamos importando lixo dos Estados Unidos. Lençóis usados por veteranos de guerra se transformam em roupa de cama em hotéis de Pernambuco. Pois bem, agora estamos importando porcarias da Ásia. Um tal peixe chamado Panga ou Peixe-Gato. Recebi grave denúncia. Esse peixe vem do delta do rio Mekong e está infestado de venenos e bactérias - arsênio dos efluentes industriais e tóxicos e de metais pesados. O rio Mekong é um dos mais poluídos do mundo, sendo aquele em que foi despejado o "agente laranja", desfolhante e cancerígeno.

Um poço de doenças !

Os pangas são alimentados com restos de peixes mortos, ossos e de solo seco, transformados em farinha com mandioca e resíduos de soja e grãos. Alimentação idêntica ao que gerou o vírus da "vaca louca". O peixe recebe cargas de hormônio (PEE) que dá capacidade de produzir 500 mil ovos de uma vez. O denunciante arremata : "ao abrir uma posta do peixe, notei que a massa estava impregnada de filamentos. Colhi uma amostra e levei para análise. Os filamentos, na verdade, eram vermes de até 2 centímetros".

FLÓRIDA ATRAI INVESTIMENTOS DE BRASILEIROS

Estadão

‘Financial Times’: brasileiros causam ‘boom’ imobiliário na Flórida

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Os brasileiros são apontados como os atores principais de um “boom” imobiliário na Flórida, processo que já aumentou em 50%, desde 2009, os preços na região, informa o “Financial Times“.
Os canadenses ainda compram mais imóveis nesse Estado americano do que os brasileiros. No entanto, os investidores do Brasil estão aumentando mais rápido sua participação no mercado imobiliário americano e também têm comprado imóveis mais caros.
Em média, os brasileiros gastam mais de US$ 200 mil por moradia, um número superior ao de investidores de qualquer outra nacionalidade.
Ainda, 8% das compras de imóveis na Flórida são feitas por brasileiros, mais que o dobro dos 3% registrados há um ano.
Bem-vindos
A associação dos corretores dos EUA considera que os brasileiros que compram imóveis na Flórida são particularmente bem-vindos porque em 85% dos casos eles pagam à vista.
O “FT” lembra que, enquanto o mercado imobiliário de Miami está em crise há três anos, o de São Paulo e o do Rio de Janeiro estão em alta. Para o jornal, os brasileiros buscam fora do País oportunidades de comprar imóveis não tão caros.
Segundo especialistas, o mercado imobiliário na Flórida poderá desaquecer novamente se as economias da América Latina tiverem problemas. “Se o real cair mais 15%, acho que os brasileiros ficarão estimulados a vender suas propriedades [nos EUA]“, disse ao “FT” William Hardin, professor na Florida International University.

AINDA HÁ O QUE INOVAR NO JORNAL IMPRESSO

Estadão.

O saldo do encontro de profissionais de jornais no seminário promovido pela International Newsmedia Marketing Association (Inma), encerrado ontem em São Paulo, é um alerta: a tentativa de se achar a melhor maneira de incorporar as novas mídias digitais ao negócio não deve provocar o abandono da versão impressa. A razão é simples: 90% do faturamento das empresas jornalísticas ainda vêm do papel.
Três dos quatro executivos dos maiores veículos da área - Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estado, Sérgio D’Ávila, editor executivo da Folha de S.Paulo e Paulo Motta, editor executivo de produção de O Globo - bateram na mesma tecla. Para eles, apesar do momento de transição vivido com o crescimento do número de leitores no canal online, não se pode deixar de lado a relevância da versão impressa.
"Há uma obviedade na qual todos nós desembocamos", disse Ricardo Gandour. "Conteúdo de qualidade é o que faz os leitores buscarem o meio jornal para se informarem. Talvez, no futuro, o faturamento das empresas do setor não seja tão robusto quanto nos tempos em que os serviços analógicos predominavam. Mas a rentabilidade pode até ser maior, porque as condições serão outras, com gastos menores de distribuição."
O diretor do Grupo Estado recorreu à evolução das mídias para lembrar que, sempre que um novo meio surge, há um abalo nos canais existentes e um período natural de deslumbramento com a novidade que aporta no mercado. "Ainda não encontramos uma plataforma de aceitação estável para amparar as necessidades de consumo e as de comercialização no meio digital. Mas, quando esse novo canal se sedimentar, o que vai prevalecer é o conteúdo", disse.
Por isso mesmo, Paulo Motta não deixou por menos e brincou com as previsões catastróficas dos consultores que anunciaram a morte do jornal impresso em dez anos. Lembrou que o período já passou e o papel continua relevante. "A receita que vem do site é ainda 4% do faturamento do jornal impresso", ressaltou. "Não dá para correr atrás do canto da sereia do digital, que é muito forte, e, com isso, matar a galinha dos ovos de ouro desse negócio. Há muitas oportunidades no impresso e acho que não estamos investindo nelas."
Sérgio D’Ávila reforçou essas interpretações do atual momento da atividade ao apresentar uma ampla pesquisa de hábitos de consumo realizada em abril deste ano pelo instituto Datafolha. Entre os números relevantes, está o de que 52% da população que consome notícias se informa lendo jornais. Um índice que sobe ainda mais nas classes A, B e C, chegando a 66%. O meio jornal perde apenas para a TV, que é onde 90% se informam.

O dado mais animador para os profissionais do setor é a constatação da pesquisa que 73 milhões de pessoas dizem ler jornal impresso no Brasil, sendo que 21 milhões leem todos os dias. "O papel tem mais penetração do que a internet, que atinge 44 milhões de leitores de notícias", disse.

Laboratório
Marta Gleich, diretora de internet do grupo de mídia gaúcho Zero Hora, fez parte desse painel de debate, que tinha a missão de mostrar como vai a harmonização das estratégias impressas e digitais. Logo de cara, não escondeu que experimenta a vida digital há apenas quatro anos, mas que fez toda a sua carreira no impresso. Dito isso, salientou que "não está no DNA das redações de jornais ou nos departamentos comerciais saber lidar com demandas virtuais. Precisamos incorporar a tecnologia ao nosso cotidiano".
Diante dessa dificuldade em se desvendar o novo mundo, a executiva apresentou a experiência do grupo gaúcho de manter uma unidade de pesquisa tecnológica dentro do centro universitário da PUC, no parque tecnológico denominado Tecnopuc, em Porto Alegre.
"Ocupamos todo o 5.º andar, onde 85 profissionais de diferentes perfis - temos engenheiros, matemáticos e designers, entre outros - trabalham num ambiente ‘meio Google’, em busca de ferramentas e soluções para o jornal implantar no site, nas versões para celulares, assim como aplicativos e até games.Reconhecendo sua dificuldades em lidar com a flexibilidade e informalidade desse novo ambiente, ela considera que "pesquisa e inovação" viraram o centro do negócio da comunicação e precisam ser incorporadas às redações. "Não basta as empresas de comunicação parecerem digitais. Elas têm de ser digitais."

terça-feira, 22 de novembro de 2011

PESQUISA DIZ: SEXO É A CHAVE DA FELICIDADE PARA IDOSOS

Veja


Idosos com vida sexual ativa são mais satisfeitos no casamento e com a vida em geral


A frequência da atividade sexual está diretamente ligada à felicidade dos idosos, sugere estudo divulgado durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de Gerontologia. Segundo a pesquisa, quanto mais ativa a vida sexual dos mais velhos, maiores são os níveis de bem-estar na vida e felicidade no casamento.
O levantamento considerou as respostas de 238 pessoas com mais de 65 anos de idade. Elas foram questionadas sobre a frequência da atividade sexual , níveis de felicidade, situação financeira e de saúde. Os resultados mostraram que vida sexual ativa estava diretamente ligada à felicidade conjugal de ambos os sexos.
De acordo com os dados, 60% dos idosos que faziam sexo mais de uma vez por mês se classificaram como "muito felizes", em comparação com 40% dos indivíduos que não tinham tido relação sexual nos últimos 12 meses. Ao serem questionados sobre a felicidade no casamento, 80% daqueles que faziam sexo com mais frequência disseram que estavam extremamente felizes - contra 59% dos que não tinham vida sexual ativa.
“Ao destacarmos a relação entre sexo e felicidade, podemos desenvolver e organizar intervenções específicas na saúde sexual dos idosos, um segmento crescente da nossa população”, diz Adrienne Jackson, autora da análise e professora da Universidade Agrícola e Mecanica da Flórida, nos Estados Unidos.
O estudo foi feito a partir de um levantamento da General Social Surveys - uma pesquisa de opinião pública que foi conduzida nacionalmente em 2004 com pessoas de mais de 18 anos de idade.

NOVO TRATAMENTO PARA DIABETES

Veja
Ácido graxo natural pode equilibrar controle da glicose em diabéticos
Diabetes: novo medicamento à base de um ácido graxo poderá ajudar a reduzir os efeitos colaterais


Um recente estudo do Instituto de Pesquisa Van Andel (VARI, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, publicado no Journal of Biological Chemistry, aponta que um ácido graxo natural pode servir como um regulador dos níveis de açúcar no sangue. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos e drogas mais seguras no combate ao diabetes, já que alguns medicamentos usados hoje apresentam efeitos colaterais inesperados, como o ganho de peso.


Durante o estudo, descobriu-se que o ácido decanóico, um ácido graxo saturado também conhecido como ácido cáprico, age como um modulador de uma sub-família de receptores nucleares  que tem um papel fundamental no metabolismo da glicose e dos lipídeos.
O ácido decanóico ocorre naturalmente no óleo de coco e no óleo de palmiste (derivado da amêndoa da palma), assim como no leite e na gordura de alguns mamíferos. Ele é usado na síntese orgânica e é comum na produção de perfumes, lubrificantes, graxas, borrachas, tintas, plásticos e em aditivos alimentares e farmacêuticos.
Tratamento — "Nós estudamos um receptor nuclear (PPARy) que tem um papel fundamental no metabolismo da glicose e do lipídeo e é o alvo molecular da tiazolidinediona (TXD), uma classe de drogas contra o diabetes que tem demonstrado efeitos colaterais negativos, como ganho de peso, retenção de fluídos e aumento dos riscos cardiovasculares", diz H. Eric Xu, diretor do Centro para Estrutura Biológica e Descoberta de Drogas do VARI.
Segundo o especialista, os estudos mostraram que o tratamento com o ácido decanóico melhora a sensibilidade à glicose, sem o ganho de peso. "Esses resultados sugerem que o ácido decanóico pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficientes e também mais seguros", diz Venkata R. Malapaka, coordenadora do estudo.

CORPORATIVISMO

Felipe Recondo, de O Estado de S.Paulo

Sem julgamento, ações contra juízes prescrevem


Peluso defende investigações pelos próprios TJs - Andre Dusek/AE - 27/9/2011
Peluso defende investigações pelos próprios TJs

BRASÍLIA - O processo administrativo aberto contra um magistrado do Maranhão por trabalho escravo está parado desde 2007. Em Minas, uma representação contra um juiz, suspeito de morosidade, arrasta-se desde 2005. No Tribunal de Justiça do Amazonas, 10% dos processos foram abertos há pelo menos quatro anos. Esses casos podem estar prescritos e mostram como funcionam as corregedorias de alguns tribunais. Órgãos que deveriam processar e punir juízes acusados de irregularidades retardam as investigações e contribuem para a impunidade.

Quando decidiu divulgar que as corregedorias locais têm 1.085 investigações contra magistrados em andamento, o presidente do Conselho Nacional de Justiça, Cezar Peluso, queria mostrar que os tribunais de Justiça fazem seu papel e que a Corregedoria Nacional de Justiça, comandada pela ministra Eliana Calmon, não precisaria intervir com frequência para coibir irregularidades.
Mas uma radiografia nos números mostrou que a intervenção da corregedoria nos tribunais, em muitos casos, tem razão de ser. Como são leves as punições administrativas para magistrados, o prazo de prescrição é curto - de seis meses a cinco anos.
A demora no julgamento desses processos, portanto, beneficia juízes responsáveis por diversas irregularidades, como morosidade e parcialidade no julgamento dos processos, passando por emissão seguida de cheques sem fundo, denúncias de trabalho escravo e atropelamento.
Por isso, Eliana Calmon pediu que as corregedorias expliquem por que há casos abertos antes de 2009 e que ainda não foram julgados. E, a depender do andamento desses casos, a corregedora pode avocar esses processos e julgá-los diretamente no CNJ.
Conflito. A divulgação dos números pelo CNJ serviria para mostrar que as corregedorias dos TJs são diligentes e punem magistrados que cometem irregularidades. Entretanto, os dados acabaram por dar subsídios à intervenção da corregedoria.
"Os números confirmam a veracidade das críticas que fiz, pois, além de revelar a existência de grande número de investigações e processos, mostram que em muitos casos a inoperância da corregedoria local ou do desembargador responsável pelo processo acarreta grande número de prescrições e consequente impunidade", afirma a ministra.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

NA LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO

Uma coisa deve ficar bem clara: não são só os políticos que são corruptos e nem só os empreiteiros que são corruptores.
Nessa relação insidiosa, existe um entrelaçamento muito maior e mais complexo,que quando é descoberto acaba na justiça, e é aí onde mora o perigo.
Vejam a matéria da folha de São Paulo de hoje (21/11):

Corregedoria apura enriquecimento de 62 juízes sob suspeita

Órgão do Conselho Nacional de Justiça amplia alcance de investigações contra acusados de vender sentenças


Corregedores têm apoio de órgãos federais para examinar declarações de bens e informações de contas bancárias

FREDERICO VASCONCELOS
DE SÃO PAULO

O principal órgão encarregado de fiscalizar o Poder Judiciário decidiu examinar com mais atenção o patrimônio pessoal de juízes acusados de vender sentenças e enriquecer ilicitamente.

A Corregedoria Nacional de Justiça, órgão ligado ao Conselho Nacional de Justiça, está fazendo um levantamento sigiloso sobre o patrimônio de 62 juízes atualmente sob investigação.

O trabalho amplia de forma significativa o alcance das investigações conduzidas pelos corregedores do CNJ, cuja atuação se tornou objeto de grande controvérsia nos últimos meses.

Associações de juízes acusaram o CNJ de abusar dos seus poderes e recorreram ao Supremo Tribunal Federal para impor limites à sua atuação. O Supremo ainda não decidiu a questão.

A corregedoria começou a analisar o patrimônio dos juízes sob suspeita em 2009, quando o ministro Gilson Dipp era o corregedor, e aprofundou a iniciativa após a chegada da ministra Eliana Calmon ao posto, há um ano.

"O aprofundamento das investigações pela corregedoria na esfera administrativa começou a gerar uma nova onda de inconformismo com a atuação do conselho", afirmou Calmon.

Esse trabalho é feito com a colaboração da Polícia Federal, da Receita Federal, do Banco Central e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que monitora movimentações financeiras atípicas.

Os levantamentos têm sido conduzidos em sigilo e envolvem também parentes dos juízes e pessoas que podem ter atuado como laranjas para disfarçar a real extensão do patrimônio dos magistrados sob suspeita.

Todo juiz é obrigado por lei a apresentar anualmente sua declaração de bens ao tribunal a que pertence, e os corregedores do CNJ solicitam cópias das declarações antes de realizar inspeções nos tribunais estaduais.

Nos casos em que há sinais exteriores de riqueza, omissões ou inconsistências nas informações prestadas à Receita Federal, os corregedores têm aprofundado os estudos sobre a evolução patrimonial dos juízes.

O regimento interno do CNJ autoriza os corregedores a acessar dados sigilosos sobre o patrimônio e a movimentação financeira dos juízes. O regimento foi aprovado pelo próprio CNJ, na ausência de uma lei específica que defina os limites de sua atuação.

O advogado criminalista Alberto Zacharias Toron acha que nada impede que o conselho tenha acesso direto a essas informações.

"A Constituição prevê que o CNJ é órgão da cúpula do Judiciário e não faz sentido o conselho ter que pedir autorização para um juiz de primeira instância, por exemplo, para obter a quebra de um sigilo bancário ou fiscal", afirmou Toron.

O criminalista Celso Vilardi discorda. "O CNJ tem competência para conduzir processos administrativos", disse o advogado. "Para obter dados que são inerentes às investigações criminais, como a quebra de sigilos, só com autorização judicial".



Colaborou FLÁVIO FERREIRA, de São Paulo

domingo, 20 de novembro de 2011

A CLASSE MÉDIA BRASILEIRA

Texto enviado por Iven Bezerra

Como a classe média alta brasileira é escrava do “alto padrão” dos supérfluos



Adraina Setti

No ano passado, meus pais (profissionais ultra-bem-sucedidos que decidiram reduzir o ritmo em tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde) tomaram uma decisão surpreendente para um casal – muito enxuto, diga-se – de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um parente, enfiaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático.
Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo no bairro modernista do Eixample (mas com um terço do tamanho e um vigésimo do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas algumas horas, uma vez por semana. Como nunca cozinharam para si mesmos, saíam todos os dias para almoçar e/ou jantar. Com tempo de sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente. Também viajaram um pouco pela Espanha e a Europa. E tudo isso, muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem proporcionaram incontáveis jantares regados a vinhos.
Com o passar de alguns meses, meus pais fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver aqui do que gastavam no Brasil. Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum programa cultural só de vez em quando (por causa do trânsito, dos problemas de segurança, etc), moravam em apartamento próprio e quase nunca viajavam.
Milagre? Não. O que acontece é que, ao contrário do que fazem a maioria dos pais, eles resolveram experimentar o modelo de vida dos filhos em benefício próprio. “Quero uma vida mais simples como a sua”, me disse um dia a minha mãe. Isso, nesse caso, significou deixar de lado o altíssimo padrão de vida de classe média alta paulistana para adotar, como “estagiários”, o padrão de vida – mais austero e justo – da classe média europeia, da qual eu e meu irmão fazemos parte hoje em dia (eu há dez anos e ele, quatro). O dinheiro que “sobrou” aplicaram em coisas prazerosas e gratificantes.
Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia.
Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum deles vem de família rica, muito pelo contrário) a dar uma limpada na casa nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não ter carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais “sustentável”. Não doeu nada.
Uma vez de volta ao Brasil, eles simplificaram a estrutura que os cercava, cortaram uma lista enorme de itens supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves,  tornaram-se mais portáteis (este ano, por exemplo, passaram mais três meses por aqui, num apê ainda mais simples).
Por que estou contando isso a vocês? Porque o resultado desse experimento quase científico feito pelos pais é a prova concreta de uma teoria que defendo em muitas conversas com amigos brasileiros: o nababesco padrão de vida almejado por parte da classe média alta brasileira (que um europeu relutaria em adotar até por uma questão de princípios) acaba gerando stress, amarras e muita complicação como efeitos colaterais. E isso sem falar na questão moral e social da coisa.
Babás, empregadas, carro extra em São Paulo para o dia do rodízio (essa é de lascar!), casa na praia, móveis caríssimos e roupas de marca podem ser o sonho de qualquer um, claro (não é o meu, mas quem sou eu para discutir?). Só que, mesmo em quem se delicia com essas coisas, a obrigação auto-imposta de manter tudo isso – e administrar essa estrutura que acaba se tornando cada vez maior e complexa – acaba fazendo com que o conforto se transforme em escravidão sem que a “vítima” se dê conta disso. E tem muita gente que aceita qualquer contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida.
Alguns amigos paulistanos não se conformam com a quantidade de viagens que faço por ano (no último ano foram quatro meses – graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me perguntam eles, que têm sofás (em L, óbvio) comprados na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, TV LED último modelo e o carro do ano (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão).
É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade. Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os europeus — que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte dosavoir vivre e sabem muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura.
PS: Não estou pregando a morte das empregadas domésticas – que precisam do emprego no Brasil –, a queima dos sofás em L e nem achando que o “modelo frugal europeu” funciona para todo mundo como receita de felicidade. Antes que alguém me acuse de tomar o comportamento de uma parcela da classe média alta paulistana como uma generalização sobre a sociedade brasileira, digo logo que, sim, esse texto se aplica ao pé da letra para um público bem específico. Também entendo perfeitamente que a vida não é tão “boa” para todos no Brasil, e que o “problema” que levanto aqui pode até soar ridículo para alguns – por ser menor. Minha intenção, com esse texto, é apenas tentar mostrar que a vida sempre pode ser menos complicada e mais racional do que imaginam as elites mal-acostumadas no Brasil.