sábado, 31 de março de 2012

STEPAN SE LICENCIA DO PPS

Oglobo

Stepan Nercessian pede licença do PPS


RIO - O deputado federal e ator Stepan Nercessian (PPS-RJ) enviou ao presidente nacional do PPS, Roberto Freire, pedido de licença do partido. Stepan também vai soilicitar sua saída da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. A decisão foi tomada depois de reportagem publicada neste sábado pela "Folha de S.Paulo".

O jornal informa que o deputado recebeu R$ 175 mil, no ano passado, do contraventor Carlinhos Cachoeira. Parte do dinheiro (R$ 160 mil) seria usada para comprar um apartamento. Outros R$ 15 mil, segundo a reportagem, foram gastos para a compra de um espaço (frisa) no Sambódromo, no carnaval deste ano. Em entrevista ao GLOBO, Stepan afirmou, no entanto, que o valor gasto no carnaval foi de R$ 19 mil.

— Me coloquei à disposição. Tenho preocupação com o partido e não me considero nenhum criminoso. Sou um cara que está na vida pública há 44 anos como artista. Tenho todo tipo de amigo. Conheço o Carlinhos (Cachoeira) há mais de 20 anos e sempre tive relação social com ele. Eu estava comprando um apartamento em junho do ano passado e, em cima da hora, o banco me exigiu um comprovante. A pessoa para quem eu podia pedir ajuda era ele. Liguei e ele me emprestou, mas, depois, o próprio banco aprovou. Aí devolvi os R$ 160 mil para a mesma conta — disse o deputado.

O apartamento que Stepan comprou estaria avaliado em R$ 500 mil. O outro valor, segundo o deputado, foi usado para a compra de frisas no Sambódromo. Segundo ele, Cachoeira já passou vários carnavais no Rio:

— Ele (Cachoeira) e um grupo de amigos de Goiás queriam uma frisa. Aí ele me depositou R$ 19 mil e eu comprei. Essas foram as duas relações com ele.

O PPS vai pedir explicações ao deputado na comissão de ética da legenda.


FAÇA O QUE EU DIGO,MAS NÃO FAÇA O QUE EU FAÇO

Informe JB

E as vassouras anti-corrupção varreram o próprio dono, Demóstenes Torres

Vassouras de protesto anti-corrupção foram compradas pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO)


A cada dia que passa, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) se enrola mais. Em vias de ser expulso do partido,conforme publica a colunista Anna Ramalho, o político ainda teve mais conversas suas divulgadas na mídia. Desta vez, ficou bem claro que Demóstenes sabia sim das atividades ilícitas do contraventor Carlinhos Cachoeira e, mais grave ainda, dedicou sem mandato a defendê-las. 
Deixa comigo
Numa das conversas gravadas pela Polícia Federal, Demóstenes é flagrado fazendo lobby para Carlinhos Cachoeira junto a um desembargador para agilizar seu processo. Noutra, o senador garante ao contraventor apoio a um projeto de lei para liberar alguns jogos de azar. 
"Se você quiser votar, tudo bem, eu vou atrás", diz Demóstenes. 
Telhado de vidro
Para refrescar a memória: no final do ano passado, o ativismo na web disparou uma série de protestos anti-corrupção pelo Brasil. Num deles, a ONG Rio de Paz espalhou vassouras em Brasília e no Rio de Janeiro para simbolizar a tão desejada limpeza ética dos políticos brasileiros. Advinha quem comprou as vassouras? Demóstenes Torres. 

sexta-feira, 30 de março de 2012

ATÉ TU IDELLI ?

Marta Salomon, de O Estado de S. Paulo

Ministério da Pesca contrata empresa e depois pede verba para campanha do PT

Em 2010, Ideli participou do ato de assinatura da compra das lanchas-patrulha - Arquivo Revista Náutica

BRASÍLIA - Após ser contratada para construir lanchas-patrulha de mais de R$ 1 milhão cada para o Ministério da Pesca - que não tinha competência para usar tais embarcações -, a empresa Intech Boating foi procurada para doar ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina R$ 150 mil. O comitê financeiro do PT catarinense bancou 81% dos custos da campanha a governador, cuja candidata foi a atual coordenadora política do governo, ministra Ideli Salvatti, em 2010.

Ex-militante do PT, o dono da empresa, José Antônio Galízio Neto, afirmou em entrevista ao Estado nesta quinta-feira, 29, que a doação não foi feita por afinidade política, embora se defina como filiado da época de fundação do partido em São Bernardo do Campo (SP).
“O partido era o partido do governo. A solicitação de doação veio pelo Ministério da Pesca, é óbvio. E eu não achei nada demais. Eu estava faturando R$ 23 milhões, 24 milhões, não havia nenhum tipo de irregularidade. E acho até hoje que, se precisasse fazer novamente, eu faria”, disse o ex-publicitário paulista. Logo em seguida, na entrevista, ele passou a atribuir o pedido de doação a um político local.
Derrotada na eleição, Ideli preencheu a cota do PT de Santa Catarina no ministério de Dilma Rousseff, justamente na pasta da Pesca. Em cinco meses no cargo, antes de mudar de gabinete para o Planalto, a ministra pagou o restante R$ 5,2 milhões que a empresa doadora à campanha petista ainda tinha a receber dos cofres públicos.
Nesta quinta-feira, a assessoria da ministra negou “qualquer ligação” entre Ideli e a Intech Boating, alegando que a doação não foi feita diretamente à campanha, mas ao comitê financeiro do PT. Em nota, a assessoria da ministra destaca que as contas da campanha foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ideli teve reiterados recentemente os poderes de articulação política do governo, em meio a sinais de rebelião da base de apoio de Dilma no Congresso.
Na quarta-feira, 28, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades na compra das lanchas-patrulha, em contratos com a Intech Boating, que somaram R$ 31 milhões. O prejuízo ao contribuinte, que autoridades e a empresa serão cobrados a devolver, ainda não foi calculado. O TCU critica sobretudo o fato de o ministério ter comprado lanchas sem ter o que fazer com elas. O relatório diz que 22 das 28 lanchas ficaram guardadas na própria fabricante, pois não tinham onde ser entregues.
José Antônio Galízio Neto afirmou que ainda restavam na empresa quatro das embarcações encomendadas. Uma delas seguiria ainda nesta quinta-feira para a Marinha, destino definido no início deste ano, quando a auditoria do TCU processava as conclusões.
As encomendas do ministério foram feitas entre 2009 e 2010, em licitações supostamente dirigidas, diz o TCU. No último dia de mandato, o então ministro Altemir Gregolin contratou mais cinco lanchas, quando 14 delas já estavam prontas e sem uso no estaleiro em Santa Catarina.

quinta-feira, 29 de março de 2012

LEI SECA PERDE FORÇA

Com esta decisão do STJ, a lei seca perde força, sob a alegação de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si.

Apenas  bafômetro e exame de sangue podem comprovar embriaguez de motorista.

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu agora há pouco que apenas o teste do bafômetro ou o exame de sangue são aptos a comprovar o estado de embriaguez de motorista para desencadear uma ação penal. 

A posição foi definida por maioria apertada. Foram quatro votos com o relator, ministro Marco Aurélio Bellizze, no sentido de ampliar os meios de prova. Mas cinco ministros votaram seguindo o ponto de vista divergente e vencedor, oferecido pelo desembargador convocado Adilson Macabu, que lavrará o acórdão. 

A ministra Maria Thereza de Assis Moura, presidenta da Seção, deu o voto de minerva, para desempatar a questão.


quarta-feira, 28 de março de 2012

MORRE MILLÔR FERNANDES

G1
Morre aos 88 anos no Rio o escritor Millôr Fernandes
O escritor Millôr Fernandes durante entrevista em seu escritório, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro (Foto: Marcos de Paula / AE)

O escritor carioca Millôr Fernandes morreu aos 88 anos, às 21h de terça-feira (27), em casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Ivan Fernandes, filho do escritor, ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.

De acordo com a família, o velório está marcado para quinta-feira (29), das 10h às 15h, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. Em seguida, o corpo será cremado.


Em 2011, o escritor chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul. Na época, a assessoria do hospital não detalhou o motivo da internação a pedido da família.
Escritor, jornalista, desenhista, dramaturgo e artista autodidata, Millôr começou a colaborar com a revista "O Cruzeiro" aos 14 anos, conciliando as tarefas de tradutor, jornalista e autor de teatro. No final dos anos 1960, tornou-se um dos fundadores do jornal "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar.

Escreveu nos anos seguintes diversos tipos de peças e se tornou o principal tradutor das obras de William Shakespeare no país.
Atualmente ele mantinha um site pessoal em que escrevia textos de humor e cartuns, além de reunir seus trabalhos dos últimos 50 anos. Seu perfil no Twitter já contava com mais de 285 mil seguidores.

CORPORATIVISMO NO JUDICIÁRIO ?

Jornal do BrasilLuiz Orlando Carneiro, Brasília 

CNJ: Peluso aceita petição sobre suspeição de Eliana Calmon 

O presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Cezar Peluso, deu seguimento — na última segunda-feira — ao pedido de suspeição e impedimento da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, em face da sindicância que tramita no CNJ tendo como alvo o desembargador já afastado do Tribunal de Justiça de Tocantins, José Liberato Costa Póvoa.
A petição foi feita pelo advogado de Costa Póvoa, um dos magistrados supostamente envolvidos num esquema de corrupção naquele estado, desmontado pela Operação Maet, da Polícia Federal, em 2010. Além da sindicância em curso no CNJ, o desembargador responde a ação penal (AP 690) no Superior Tribunal de Justiça, juntamente com mais três colegas e servidores do TJTO.
O advogado do desembargador em causa, Nathanael Lima Lacerda, afirmou no pedido que a ministra Eliana Calmon “não possui condições e isenção suficientes para relatar ou participar do julgamento do processo”.
O ministro Cezar Peluso, no seu despacho, escreveu: “Processe-se a exceção oposta em relação à Ministra Corregedora-Nacional Eliana Calmon, a qual deverá se intimada para, querendo, manifestar-se, nos termos do art. 313 do Código de Processo Civil. Entrementes, a Sindicância (número tal) ficará suspensa, motivo pelo qual determino sua exclusão da pauta”.
A defesa de Póvoa alega uma possível conexão entre Eliana Calmon e a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), citando notícia de um encontro das duas, no qual a senadora teria pedido “agilidade” no julgamento da sindicância que corre no CNJ. 

O POVO E O LEGISLATIVO

Uma coisa me deixou pensativo com relação ao relacionamento direto da Câmara Municipal de Natal com o povo da cidade.

Vale fazer uma reflexão.

Em um sistema democrático, onde o poder emana do povo, o mesmo povo, que elege representantes para exercer estes poderes.

Não é o que acontece por aqui na CMN.

A prefeita Micarla de Souza, através de pesquisas de opinião, é reprovada por 92% da população, mas, na Câmara Municipal, têm o apoio da maioria dos Vereadores.

Ou os Vereadores, não representam o povo, ou a democracia não é exercida em Natal. 

O pior, é que o mesmo está caminhando para acontecer na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Agora, durma-se com um barulho desses. 

O BRASILEIRO E A BIBLIOTECA

Edison Veiga e Paulo Saldana - O Estado de S.Paulo

Cerca de 75% dos brasileiros jamais pisaram em uma biblioteca, diz estudo

O desempregado gaúcho Rodrigo Soares tem 31 anos e nunca foi a uma biblioteca. Na tarde desta terça-feira, ele lia uma revista na porta da Biblioteca São Paulo, zona norte da cidade. "A correria acaba nos forçando a esquecer essas coisas." E Soares não está sozinho. Cerca de 75% da população brasileira jamais pisou numa biblioteca - apesar de quase o mesmo porcentual (71%) afirmar saber da existência de uma biblioteca pública em sua cidade e ter fácil acesso a ela.
Vão à biblioteca frequentemente apenas 8% dos brasileiros, enquanto 17% o fazem de vez em quando. Além disso, o uso frequente desse espaço caiu de 11% para 7% entre 2007 e 2011. A maioria (55%) dos frequentadores é do sexo masculino.
Os dados fazem parte da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro (IPL), o mais completo estudo sobre comportamento leitor. O Estado teve acesso com exclusividade a parte do levantamento, cuja íntegra será divulgada nesta quarta-feira em Brasília.
Para a presidente do IPL, Karine Pansa, os dados colhidos pelo Ibope Inteligência mostram que o desafio, em geral, não é mais possibilitar o acesso ao equipamento, mas fazer com que as pessoas o utilizem. "O maior desafio é transformar as bibliotecas em locais agradáveis, onde as pessoas gostam de estar, com prazer. Não só para estudar."
A preocupação de Karine faz todo sentido quando se joga uma luz sobre os dados. Ao serem questionados sobre o que a biblioteca representa, 71% dos participantes responderam que o local é "para estudar". Em segundo lugar aparece "um lugar para pesquisa", seguido de "lugar para estudantes". Só 16% disseram que a biblioteca existe "para emprestar livros de literatura". "Um lugar para lazer" aparece com 12% de respostas.
Perfil. A maioria das pessoas que frequentam uma biblioteca está na vida escolar - 64% dos entrevistados usam bibliotecas de escolas ou faculdades. Dados sobre a faixa etária (mais informações nesta página) mostram que, em geral, as pessoas as utilizam nessa fase e vão abandonando esse costume ao longo da vida.
A gestora ambiental Andrea Marin, de 39 anos, gosta de livros e lê com frequência. Mas não vai a uma biblioteca desde que saiu dos bancos escolares. "A imagem que tenho é de que se trata de um lugar de pesquisa. E para pesquisar eu sempre recorro à internet", disse Andrea.
Enquanto folheava uma obra na Livraria Cultura do Shopping Bourbon, na Pompeia, zona oeste, diz que prefere as livrarias. Interessada em moda, ela procurava livros que pudessem ajudá-la com o assunto. "Nem pensei em procurar uma biblioteca. Nas livrarias há muita coisa, café, facilidades. E a biblioteca, onde ela está?", questiona. Dez minutos depois, passa no caixa e paga R$ 150 por dois livros.
O estudante universitário Eduardo Vieira, de 23 anos, também não se lembra da última vez que foi a uma biblioteca. "Moro em Diadema e lá tem muita biblioteca. A livraria acaba mais atualizada", diz ele, que revela ler só obras cristãs. "Acho que nem tem esse tipo de livro nas bibliotecas." 

DA FALA AO GRUNHIDO

Enviado por Carlos Magno
Ferreira Gullar, Folha de S. Paulo, domingo, 25 de março de 2012

Desconfio que, depois de desfrutar durante quase toda a vida da fama de rebelde, estou sendo tido, por certa gente, como conservador e reacionário. Não ligo para isso e até me divirto, lembrando a célebre frase de Millôr Fernandes, segundo o qual "todo mundo começa Rimbaud e acaba Olegário Mariano".

Divirto-me porque sei que a coisa é mais complicada do que parece e, fiel ao que sempre fui, não aceito nada sem antes pesar e examinar. Hoje é comum ser a favor de tudo o que, ontem, era contestado. Por exemplo, quando ser de esquerda dava cadeia, só alguns poucos assumiam essa posição; já agora, quando dá até emprego, todo mundo se diz de esquerda.

De minha parte, pouco se me dá se o que afirmo merece essa ou aquela qualificação, pois o que me importa é se é correto e verdadeiro. Posso estar errado ou certo, claro, mas não por conveniência. Está, portanto, implícito que não me considero dono da verdade, que nem sempre tenho razão porque há questões complexas demais para meu entendimento. Por isso, às vezes, se não concordo, fico em dúvida, a me perguntar se estou certo ou não.

Cito um exemplo. Outro dia, ouvi um professor de português afirmar que, em matéria de idioma, não existe certo nem errado, ou seja, tudo está certo. Tanto faz dizer "nós vamos" como "nós vai".

Ouço isso e penso: que sujeito bacana, tão modesto que é capaz de sugerir que seu saber de nada vale. Mas logo me indago: será que ele pensa isso mesmo ou está posando de bacana, de avançadinho?

E se faço essa pergunta é porque me parece incongruente alguém cuja profissão é ensinar o idioma afirmar que não há erros. Se está certo dizer "dois mais dois é cinco", então a regra gramatical, que determina a concordância do verbo com o sujeito, não vale. E, se não vale essa nem nenhuma outra - uma vez que tudo está certo -, não há por que ensinar a língua.

A conclusão inevitável é que o professor deveria mudar de profissão porque, se acredita que as regras não valem, não há o que ensinar.

Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos demais campos do conhecimento. Não vejo um professor de medicina afirmando que a tuberculose não é doença, mas um modo diferente de saúde, e que o melhor para o pulmão é fumar charutos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

É PROPINA SAINDO PELO LADRÃO...

Oglobo
Empresas que oferecem propina cobram 561% a mais do que o mercado
Imagem de reportagem do Fantástico em que funcionários oferecem propina para fechar contrato com hospital Foto: Reprodução TV Globo 

RIO - Além de oferecer propinas de até 20% sobre os valores de contratos com o setor público, as empresas denunciadas pelo "Fantástico" na semana passada planejavam superfaturar os serviços que prestariam em até 561%. 

Técnicos do Instituto dos Auditores Internos do Brasil e da Controladoria Geral da União analisaram as planilhas de preços encaminhadas pelos representantes das empresas Locanty, Toesa, Rufolo e Bella Vista ao repórter que se passava por gestor de compras do hospital público e constataram, como mostrou outra reportagem do programa exibida neste domingo, que, se os contratos tivessem sido, de fato, assinados, representariam um prejuízo aos cofres públicos de R$ 3 milhões em apenas seis meses.

A fraude se daria na cotação de salários da mão de obra e na cobrança de serviços por valores bem acima dos praticados pelo mercado. O valor total dos contratos negociados chegava a R$ 7,3 milhões, sendo que R$ 1,3 milhão de propina seria paga ao gestor. Com isso, as empresas ficariam com R$ 6 milhões. Especialistas dizem, no entanto, que os serviços oferecidos não custariam mais do que R$ 4,3 milhões às acusadas. Ou seja, elas lucrariam, com o superfaturamento cerca de R$ 1,7 milhão.
— Para pagar a propina é preciso ter gordura no contrato. Além disso, toda vez que há esse tipo de facilidade, quando se sabe que o contrato vai ser ganho de qualquer jeito, se bota o preço mais alto — explicou o secretário-executivo da Controladoria Geral da União, Luiz Navarro.

A diferença mais exorbitante entre os valores propostos pelas empresas e os cobrados pelo mercado veio da Locanty para a coleta de lixo por seis meses. O valor total do contrato proposto previa uma despesa de R$ 450 mil, quando o mesmo serviço poderia ser prestado por R$ 68 mil (561% a menos). O superfaturamento se deu porque a companhia cotou em R$ 67 o valor da coleta do tonel de lixo comum, enquanto outras empresas do setor cobram, pelo mesmo serviço, R$ 10. Por sua vez, o valor proposto para o tonel de lixo infectante recolhido chegava a R$ 110. No mercado, o serviço pode ser obtido por R$ 14,30.

No caso da Toesa, a empresa pediu R$ 680 mil pelo aluguel de cinco ambulâncias sendo que mais de R$ 250 mil apenas de propina. Segundo os especialistas, a proposta está 42% acima do valor de mercado.

Salários muito acima da média

Os especialistas também encontraram distorções no orçamento da Rufolo para prestação de serviços de mão de obra terceirizada. No contrato de R$ 5,1 milhões, constava o salário de R$ 3,5 mil por porteiro, enquanto na média do mercado o valor não passa de R$ 1.500. Um jardineiro sairia por R$ 4.178 enquanto o salário médio da categoria é de mil reais, segundo os consultores. Os profissionais, no entanto, não receberiam esse valor; a diferença ficaria para a empresa.
— Ninguém em sã consciência contrataria um jardineiro por esse valor — diz o presidente do Instituto dos Auditores, Renato Trisciuzzi.

O "Fantástico" também revelou suspeitas de irregularidades no socorro às vítimas da tragédia das chuvas de janeiro de 2011, que deixaram mais de 900 mortos na Região Serrana. Entre as 20 empresas chamadas para remover a lama e o entulho estava a Locanty, que recebeu, mesmo sem ter cobertura contratual, R$ 670 mil do Estado. O Ministério Público federal questiona se o serviço foi compatível com o valor pago pelo trabalho.
— Há uma irregularidade formal que considero séria. Um contrato estabelece as obrigações das partes envolvidas, pactua preços e prevê garantias. Nesse caso, não houve nada disso — disse o procurador da República em Nova Friburgo, Marcelo Medina.

Em nota, o governo do estado informou que já prestou contas ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público. E que não foi feito $contrato formal porque a prioridade era agir com rapidez diante da tragédia. Por sua vez, a Locanty negou ter se beneficiado. Sobre a oferta de propina reiterou que demitiu por justa causa os dois gerentes que apareceram na reportagem.

Empresas são alvo de 46 ações no MP

O programa revelou também que as quatro empresas são alvos de 46 inquéritos e ações civis movidas pelo Ministério Público por contratos firmados em sete cidades do Rio. Desses, 15 por suspeita de fraudes em licitações e em contratos públicos.

No programa deste domingo, o "Fantástico" apresentou mais uma denúncia, que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) já decidiu investigar. Em abril de 2011, a Locanty foi contratada pela Câmara dos Vereadores de Duque de Caxias para alugar até 30 veículos oficiais por um ano. Cada carro custaria R$ 6,9 mil por mês com uma cota de 650 litros de combustível. Sem combustível, cada um sairia por R$ 5.151, enquanto em São Paulo, o Legislativo da capital paga R$ 2.331 por similar.

Alguns vereadores de Caxias ouvidos pelo "Fantástico" afirmam que jamais tiveram acesso aos carros. A informação é contestada pelo presidente da Casa, Dalmar Lírio Mazinho (sem partido). Segundo ele, o contrato foi cancelado em dezembro do ano passado, mas o TCE alega que não recebeu documento algum que confirme a informação. 

Mazinho garante que todos os vereadores usaram os carros.
— Os políticos querem o bônus do carro, mas não o ônus de aparecerem nessa condição — disse.
A reportagem lembrou ainda que a Toesa teve os bens bloqueados por ordem da Justiça. O motivo foi a suspeita levantada pelo TCE de fraudes num contrato de quase R$ 5 milhões com o governo do estado para a manutenção de veículos empregados no combate à dengue. O contrato havia sido assinado em 2009.


EXAME DE SANGUE PARA DETECTAR CÂNCER

Oglobo
Exame de sangue que detecta câncer de pulmão é testado

Fumantes serão a maioria entre os participantes do ensaio clínico no Reino Unido
Foto: Reprodução 

NOTTINGHAM, Inglaterra — O câncer de pulmão mata cerca de 35 mil pessoas por ano na Grã-Bretanha, muitas delas, fumantes. A esmagadora maioria, 93%, morre até cinco anos após o aparecimento dos sintomas. Mas este quadro promete mudar: um exame de sangue capaz de detectar a doença em estágio precoce será testado em milhares de fumantes, usuários do sistema de saúde pública local, o NHS.

Espera-se que o novo exame, desenvolvido na Grã-Bretanha e já em teste também nos Estados Unidos, reduza drasticamente o número de mortes e as despesas provocadas pela doença, além de levar a uma nova análise da maneira como o câncer é diagnosticado e tratado.

Secretário de Saúde na Escócia, Harry Burns disse que o ensaio clínico envolverá dez mil pessoas, a maioria delas fumantes, com alto risco de desenvolver a doença. Caso se mostre eficaz, o exame, que atualmente custa em torno de 200 libras por pessoa, poderia ser estendido a toda a nação e oferecido pelo sistema público de saúde.
— O diagnóstico precoce do câncer faz com que tenhamos mais chance de tratá-lo com sucesso, e, atualmente, 85% dos pacientes só têm o diagnóstico quando a doença está em estágio avançado — disse Burns ao jornal “The Guardian”, acrescentando que a análise deve aumentar o número de diagnósticos precoces em 25%.

O criador do teste é John Robertson, professor de cirurgia na Universidade de Nottingham. Segundo ele, ensaios clínicos feitos nos Estados Unidos melhoraram o prognóstico de um número considerável de pacientes. Agora, Robertson espera desenvolver formas de detectar precocemente outros tipos de câncer:
— Estamos trabalhando duro para trazer a detecção precoce de câncer de mama ao mercado no próximo ano. Também estamos trabalhando em exames capazes de diagnosticar cânceres de próstata, cólon e ovário. E um exame de sangue capaz de ajudar a detectar todos os tumores cancerígenos continua sendo o objetivo do nosso trabalho.


domingo, 25 de março de 2012

ABC E AMÉRICA

 

Hoje é dia de ABC x AMÉRICA.

O jogo será no Nazarenão em Goianinha, campo do América.

A torcida do ABC reclama da pequena quantidade de ingressos, para sua torcida, 600. Pudera, em um campo que mal cabe 6.000 torcedores, queria o que.

Quando o jogo é no Frasqueirão, os 10% de ingressos oferecidos para a torcida do América, não são todos vendidos, simplesmente porque a maioria dos americanos têm horror ao campo.

Tempos bons de Juvenal Lamartine e Machadão, campos neutros.

Acho que chegou a hora de começar a utilizar o sistema de cada time que jogar em sua casa, que seja só com sua torcida.

Quando for um jogo decisivo, que se encontre um campo neutro, que no futuro poderá ser a Arena das Dunas, se fizerem.

A BOLHA IMOBILIÁRIA DO BRASIL

Exame

Brasil vive bolha imobiliária, dizem professores

Vista de Leblon e Ipanema, no Rio de Janeiro 
Ipanema e Leblon, no Rio, se tornaram sinônimos de preços estratosféricos 

São Paulo – Imóveis são atualmente péssimos investimentos, e o Brasil está assistindo à formação de uma bolha imobiliária. Pelo menos é nisso que acreditam dois professores da FGV-SP. “Eu continuo achando que é uma bolha. Só não dá para saber quando ela vai estourar”, diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos e Finanças da FGV, e que sustenta essa posição há mais de um ano. Essa também é a opinião do professor Samy Dana, da Escola de Economia: “Atualmente, o retorno que os imóveis apresentam está muito inferior ao risco”, diz. 
Especialistas que refutam a ideia da formação de uma bolha argumentam que a grande alta nos preços dos imóveis nos últimos anos foi, na verdade, um ajuste de preços, após anos de estagnação; argumentam também que os preços ainda têm espaço para crescer, uma vez que o valor do metro quadrado em outros países emergentes como Rússia e Índia chega a ser 3,5 vezes maior que no Brasil. Mas de abril de 2011 a janeiro de 2012, o Índice FipeZap apresentou um longo ciclo de desaceleração nas altas dos preços, que voltaram a aumentar ligeiramente em fevereiro.
Na opinião dos dois professores da FGV, os imóveis residenciais estão muito caros, principalmente nas grandes cidades como Rio e São Paulo. O retorno que eles podem dar em aluguéis, portanto, não seria satisfatório, ficando frequentemente abaixo ou igualado ao retorno da poupança ou mesmo do CDI.
Ainda que os preços dos imóveis possam, em tese, subir indefinidamente, os preços dos aluguéis esbarram na barreira da renda da população, não podendo subir acima do que as pessoas podem pagar. “Fala-se em déficit habitacional. Sim, mas só porque existe escassez de alimentos, por exemplo, não quer dizer que o preço da comida pode subir infinitamente”, compara Samy Dana.
Ele explica que, quando o valor do imóvel e o valor dos aluguéis se distanciam demais significa que o imóvel está caro como investimento. Por meio dos dados do Índice FipeZap, o professor mostra que a alta dos aluguéis não vem acompanhando a alta do preço dos imóveis, o que está tornando a taxa de retorno do investimento cada vez menos atrativa. Desde janeiro de 2008, o preço de venda dos imóveis no Brasil elevou-se 129,5%, enquanto que os aluguéis tiveram alta de apenas 68,4%. A perda do aluguel frente aos preços foi, portanto, de 61,1%.
“Imóvel é um péssimo investimento agora. Nitidamente o preço está lá em cima. Comprar um imóvel para investir agora equivaleria a comprar na alta”, diz William Eid. A conta do aluguel é a seguinte: para um investimento em um imóvel residencial ser mais rentável que a poupança, o retorno deve ser maior que o 0,5% ao mês mais TR que a caderneta paga. Lembrando que o rendimento com aluguel é somado à renda tributável do investidor e que a caderneta de poupança é isenta de IR. “Para um imóvel residencial, considerando o risco, o retorno teria que ser de, no mínimo, 0,7% ou 0,8% ao mês”, diz Eid.
Ou seja, o aluguel pago mensalmente deve corresponder a 0,7% ou 0,8% do valor do imóvel. Segundo o Índice FipeZap, o preço médio do metro quadrado de um apartamento de dois quartos em São Paulo foi de cerca de 5.500 reais em fevereiro, mais ou menos o mesmo que a média nacional. Isso significa que, naquele mês, um imóvel desse tipo com 100 metros quadrados custava 550.000 reais. Seu aluguel deverá, portanto, sair por 3.850 reais no mínimo para ser rentável. Isso sem contar outros gastos que os locatários geralmente têm e que não vão para o bolso do proprietário, como IPTU e taxa de condomínio.
“Os valores cobrados não chegam a ser tão altos. Ninguém aguenta pagar aluguel nesses níveis. O aluguel de um imóvel de 100 metros quadrados costuma variar entre 2.000 e 3.000 reais”, diz William Eid. De acordo com o Censo 2010, a renda mensal média de um brasileiro em idade economicamente ativa é de cerca de 1.200 reais – 2.400 reais, portanto, para um casal; entre os 10% mais ricos, essa renda sobe para pouco mais de 5.000 reais por pessoa ativa. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, a média de rendimento entre as pessoas ocupadas da Região Metropolitana de São Paulo em janeiro e fevereiro foi de algo em torno de 1.800 reais mensais, ou 3.600 reais para um casal. 
O Índice FipeZap mostra que os preços dos aluguéis ainda vêm apresentando alta, e as taxas de vacância continuam baixas nos grandes centros, o que em tese permitiria um aumento ainda maior no valor dos aluguéis. Mas como isso depende da capacidade de pagamento dos inquilinos, se em algum momento ela for insatisfatória, os aluguéis não poderão mais se elevar, puxando os preços dos imóveis para baixo.

Caminhos para o investidor
O professor Samy Dana lembra que quem investe em imóveis costuma argumentar que se os ganhos não vêm pelo aluguel, virão pela valorização do bem em si. Na opinião dele, porém, esse é o lado mais arriscado do investimento em imóveis, contrastando com a ilusão de segurança que os brasileiros geralmente têm ao saber que estão aplicando o dinheiro em um ativo físico. “Esse pensamento da valorização é o pensamento da bolha, em que as pessoas sempre pensam que o ativo pode valorizar mais, mesmo após uma alta estrondosa”, diz Dana.
O professor desaconselha completamente o investimento em imóveis no atual momento. Ele exemplifica da seguinte forma: se o investidor compra um imóvel de 1.000.000 de reais – o que nos patamares de hoje não necessariamente é um imóvel de alto padrão – e o aluga por 5.000 reais mensais, seu retorno é de 0,5% ao mês. “É o mesmo retorno da poupança, mas com muito mais risco”, observa.
Ambos os professores, que possuem imóveis próprios, acreditam que o momento pode ser bom para o investidor vender. Samy Dana, por exemplo, diz ter apenas um imóvel, que é sua residência, e que mesmo assim “perde dinheiro”. “Financeiramente, era melhor eu vender e pagar aluguel. Só não fiz isso ainda porque é um processo trabalhoso”, comenta. Para quem quiser colocar um plano em prática, ele recomenda investir o dinheiro resultante da venda no Tesouro Direto. “Com o retorno do investimento é possível alugar um imóvel até melhor que o que foi vendido”, diz o professor.
Contudo, para Dana, a compra de um imóvel próprio não deve ser encarada como investimento, mas sim como a realização de um sonho de consumo legítimo. “Isso passa também pela questão emocional. Se o sonho da pessoa é ter uma casa própria, tudo bem”, diz. Outra possibilidade para o investidor, diz William Eid, é manter o imóvel alugado com um bom inquilino, caso ele esteja localizado em uma região onde a valorização ainda não foi tão gigantesca, e onde ainda se podem esperar melhoramentos urbanos que justifiquem altas futuras nos aluguéis.