sábado, 13 de abril de 2013

TEMPOS MODERNOS

Tatadetila

EFEITO BARBOSA

FolhadeSãoPaulo

Ministro Luiz Fux cancela jantar bancado por advogado

Ministro Luiz Fux e advogado Sergio Bermudes



O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu ontem ao advogado Sergio Bermudes que ele cancelasse o jantar que estava preparando para o magistrado.

O organizador da festa, marcada para o dia 26, queria reunir políticos e a cúpula do judiciário nacional e do Rio de Janeiro em seu apartamento de 800 metros quadrados, na zona sul do Rio. O evento celebraria os 60 anos de Fux.

"Estamos cancelando a pedido do ministro", disse Bermudes na noite de ontem.
Segundo relato do advogado, Fux informou que sua mãe, Lucy, de 78 anos, teve uma crise de hipertensão com a repercussão negativa da celebração, o que teria preocupado o ministro.

A divulgação do jantar pela Folha causou constrangimento no Supremo. Nos bastidores, ministros criticaram a festa, para a qual foram disparados 300 convites.

Além de ser bancada pelo advogado, ela ocorreria pouco depois de o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, ter criticado o que considera "conluio" entre juízes e advogados no Brasil.

Coincidiria também com o julgamento dos recursos apresentados pelos réus do mensalão, que tentam reduzir suas penas.

Além de todos os ministros do Supremo, Bermudes chamou para o evento todos os integrantes do Superior Tribunal de Justiça, os 180 desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, e o governador Sérgio Cabral.

O mal-estar foi agravado pela informação de que a filha do ministro, Marianna Fux, é candidata a desembargadora do TJ do Rio.

Na festa, ela teria a oportunidade de circular entre potenciais eleitores, já que cabe aos desembargadores do TJ, convidados para a celebração, escolher, a partir de uma lista sextupla da OAB-RJ, os três nomes que serão apresentados ao governador Cabral. O governador então escolhe o novo desembargador.

Cabral negou ontem ter recebido o convite para o jantar. Ele também disse não ter conhecimento de articulação em prol da escolha da filha do ministro. "Nunca ouvi falar disso. A mim nunca chegou esse assunto. Agora, que ela é uma advogada brilhante e respeitada, ela é."

Antes da desistência de Fux, Bermudes havia defendido a realização do evento sob o argumento de que Fux nunca julgou ação em que atua como advogado, informação reiterada pelo gabinete do ministro.

"Sempre fomos muito amigos. É uma amizade de 40 anos que começou quando ambos éramos professores. Fui orientador dele e o ministro Fux sempre se julga impedido de atuar nas ações assinadas por mim ou por sua filha". Marianna Fux, 32, trabalha no escritório do advogado.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

ESPÉCIE AMEAÇADA

Oglobo

Nova espécie de porco-espinho é descoberta no Nordeste


Nova espécie de porco-espinho é descoberta no Nordeste: Coendou speratus
Foto: Divulgação

RIO - Restam apenas 2% da cobertura original de Mata Atlântica, na sua porção nordestina, acima do Rio São Francisco. Metade das espécies de árvores praticamente desapareceu. A floresta está dividida em pequenos fragmentos, e o porte das árvores vem diminuindo. A situação é ainda mais dramática em relação às árvores frutíferas: 2/3 foram extintos. Sem alimento suficiente, muitos animais não conseguem sobreviver. Especialistas calculam que metade das espécies de mamíferos sumiu da região, grande parte sem nenhum registro científico. Por isso, a recente descoberta de uma nova espécie de porco-espinho (Coendou speratus) é motivo de comemoração entre os pesquisadores.

O nome científico atribuído ao bicho revela sua importância simbólica. Em latim, speratus significa esperança, explica Antonio Rossano, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) especialista em mamíferos que liderou o trabalho. A expectativa é que a descoberta marque o fim do processo de desaparecimento de espécies. Para isto, é fundamental recompor a cobertura vegetal e ligar os fragmentos de mata hoje isolados. 

Além disso, os pesquisadores esperam que haja um incremento das pesquisas para não apenas descrever novas espécies como também aumentar o conhecimento científico acerca do bioma.

— Estamos falando de uma das regiões mais ameaçadas da Mata Atlântica. A preocupação é que estamos perdendo inúmeras espécies que sequer são descritas pela ciência. E, ainda hoje, continuamos encontrando várias espécies novas. Esperamos, e por isso o nome científico speratus, que este porco-espinho chame a atenção do mundo para a preservação desta mata —diz Rossano.

O animal tem hábitos noturnos, e ocorre na mesma região em que há outro tipo de porco-espinho, mas um pouco maior: C. prehensilis. Ele vive dentro dos oito mil hectares de pequenos fragmentos de mata preservados da Usina Trapiche.

— O C. speratus é noturno. De dia fica dormindo em partes ocas de troncos de árvores. 

Ainda não temos muita informação sobre seus hábitos, mas sabemos que ele come o dendê. Muitos animais tiveram que adaptar sua dieta com frutos de árvores exóticas, introduzidas pelo homem, como é o caso do dendê, que veio da África trazido pelos escravos — explica Rossano. 

— Esse porco-espinho é predador de frutos. Ou seja, essas sementes que os animais comem não germinam. Na natureza, não podemos ter apenas os dispersores, é preciso de equilíbrio. O C. speratus contribui para este equilíbrio.

A descrição do porco-espinho foi publicada na última sexta-feira na revista “Zootaxa”. Além dos especialistas da UFPE, o trabalho mobilizou pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), estes responsáveis pela análise genética. Além disso, o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) e a Usina Trapiche, que mantém importantes fragmentos de floresta, apoiaram a iniciativa. A descoberta fez parte de um estudo de cinco anos que contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil).



BARBOSA TEM RAZÃO

Oglobo

Estudo critica criação de novos Tribunais Regionais Federais


RIO — Para melhorar a eficiência da Justiça brasileira, seria preciso priorizar a Justiça estadual e a do Trabalho em vez dos Tribunais Regionais Federais (TRFs). Além disso, mesmo se o objetivo for melhorar especificamente a Justiça Federal, a necessidade maior seria em outra esfera de atuação sua, as Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais, e não nos TRFs. Análise da FGV Direito Rio, com base em dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aponta que o foco em novos TRFs — como fez a Câmara ao aprovar a criação de mais quatro tribunais na semana passada — poderia ter sido em áreas da Justiça com maior custo ou volume de trabalho. Além de ter sido uma opção que deixou de lado alternativas que não envolveriam a criação de mais tribunais, como melhor informatização.

Coordenada pelo professor Ivar A. Hartmann, a análise mostra, por exemplo, que a Justiça estadual gasta mais que o triplo da Federal para atender o mesmo número de pessoas: o custo por habitante da estadual é de R$ 137,16, contra R$ 35,34 da Federal. 

Esse valor leva em conta todas as despesas de cada Justiça no ano em relação ao tamanho da população. Os dados usados pela FGV são do último relatório “Justiça em Números” (de 2012, com informações de 2011), do CNJ.

— Questionamos a solução de criação de tribunais quando havia alternativas. Primeiro, se querem melhorar a Justiça brasileira, a atenção maior teria de ser dada antes à Justiça estadual, que atinge mais a vida das pessoas, por ter esfera de atuação maior. E gasta mais por ter competência mais ampla; é onde a atenção deveria ser maior, justamente para melhorar sua eficiência e, com isso, baixar seu custo — diz Hartmann, afirmando que a melhora da eficiência na Justiça estadual poderia ser obtida, por exemplo, com informatização. 

— A Justiça estadual de segunda instância teve taxa média de informatização dos processos novos de 3,6% em 2011. Em 18 estados, foi zero.
Congestionamento nas turmas recursais

Caso se queira mesmo investir na Justiça Federal, outra parte dela poderia ter sido priorizada, segundo o estudo, em vez dos TRFs: as Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais, que julgam recursos desses juizados, pois elas estão mais congestionadas que os TRFs. Na 3ª Região, uma das que serão desafogadas pelos novos tribunais, o TRF recebeu 144 processos novos por servidor em 2011, enquanto as Turmas Recursais, 1.397. Na 4ª Região, outra beneficiada, a taxa de congestionamento (proporção entre processos novos e pendentes e os julgados) nas Turmas Recursais é 50% maior que no TRF-4.

Além disso, a taxa de congestionamento está crescendo nas Turmas Recursais, destaca Hartmann, e caindo nos TRFs: diminuiu 1,68% de 2009 para 2011, enquanto o congestionamento das Recursais subiu 4,31%. Na 2ª Região, caiu 3,62% no TRF e subiu 7,65% nas Recursais. Na 4ª Região, caiu 0,47% no TRF; nas Turmas Recursais, subiu 10,67%.

— Se o objetivo for mesmo investir nos TRFs, escolheram regiões erradas para ampliar o espaço físico se considerarmos outro indicador, a concentração de servidores e juízes. 

Ela mede o número de pessoas em relação ao espaço físico que têm para trabalhar. A concentração é maior não nas 1ª, 3ª e 4ª Regiões (beneficiadas pelos novos tribunais), mas na 2ª, onde a concentração é duas vezes maior que naquelas. Então, ela poderia ser mais beneficiada por ampliação do espaço — completa Hartmann.

Outro indicador aponta que o uso do espaço físico já existente poderia melhorar: o TRF-1 usava 70% do seu espaço físico em 2011, faltando 30% para serem ocupados; o tribunal com menos espaço físico utilizado, o TRF-5, ocupava 57%.

A informatização também poderia aumentar a eficiência dos TRFs. A maior taxa de implementação de processos eletrônicos, entre os processos novos que chegaram a cada TRF em 2011, foi no TRF-4: 68,43% de processos eletrônicos do total de novos. O TRF-1 teve só 26,19%. Nos outros TRFs, a situação é ainda pior: o TRF-5 teve 0,44%; o TRF-2, 0,02% (apenas nove processos de 52,2 mil); e o TRF-3 teve zero (nenhum dos 173.440 novos processos é eletrônico).

Um dos TRFs contesta a PEC que criou os novos tribunais. Considerado o mais informatizado dos tribunais federais, o TRF-4 divulgou nota afirmando que “já apresenta altíssimo desempenho, havendo, portanto, desnecessidade técnica de partilhar sua competência territorial com outro tribunal”. A implantação de processos eletrônicos — que, de 2009 até agora, custou R$ 26 milhões, cerca de 7% do custo previsto para cada tribunal em 2013 — fez com que o tempo de tramitação de recursos diminuísse 80%.

Ao GLOBO, a presidente do TRF-4, Marga Tessler, afirmou que “os dados que embasam a PEC não correspondem à realidade”:

— Quanto ao componente político dessa criação, o ministro Joaquim Barbosa já se manifestou. Do ponto de vista técnico, nosso tribunal, que com a PEC passa a ter só o Rio Grande do Sul, não tem o atraso apontado. 

O próprio corregedor do Conselho de Justiça Federal esteve aqui em novembro e disse que não há necessidade de novo tribunal. Além disso, um tribunal federal com os limites de só um estado pode tender a ver apenas interesses locais. Daqui a pouco haverá reivindicação de todos os estados, para cada um ter o seu. Tem que se ver os gastos e se isso não diminuiria, por exemplo, recursos para Saúde e Educação. Se for para investir, os Juizados Especiais Federais, braço social da Justiça Federal, é que estão no limite.


NO BRASIL É ASSIM

Oglobo

Roseana Sarney se aposenta pelo Senado e receberá R$ 20,9 mil mensais

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney Foto: Arquivo O Globo

BRASÍLIA - O Senado irá pagar salário vitalício de R$ 20,9 mil mensais à governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), aposentada nesta quinta-feira como servidora da Casa. Roseana passou a integrar os quadros do Senado em um chamado “trem da alegria” - sem ter prestado serviço público -, que durou de 1974 a 1985. Somente em maio de 1986 veio a público a medida que efetivou a filha do então presidente da República, José Sarney (PMDB-AP).

O ato foi publicado nesta quinta-feira no boletim oficial da Casa, assinado pela diretora-geral do Senado, Doris Marize Romariz Peixoto. Doris foi efetivada no Senado pelo mesmo ato que incluiu Roseana no quadro de servidores do Senado.

Os registros indicam que a governadora trabalhou como servidora entre 1982 e 1985, quando o pai era senador. Após esse período, Roseana se licenciou do Senado para acompanhar José Sarney na Presidência da República (1985 a 1990) e iniciar uma carreira política.

Roseana irá acumular a aposentadoria com o salário de R$ 15.409,95 a que tem direito como governadora do Maranhão. O Senado não informou se Roseana também solicitou aposentadoria como senadora. No total, 68 ex-senadores recebem o benefício.

Por meio de nota, Roseana afirma que passou a ser servidora do Senado em 1974, “depois de ingressar por meio de um processo seletivo”, apesar de não ter prestado concurso público. “A aposentadoria ocorre 38 anos depois”, diz o texto. Ainda de acordo com a nota, Roseana irá “devolver aos cofres públicos” o valor que ultrapassar o teto de R$ 28 mil estabelecido para o servidor público, já que, além da aposentadoria de R$ 20,9 mil, a governadora ainda recebe o salário do estado do Maranhão de R$ 15,4 mil.

Sarney brigou na Justiça para continuar recebendo salários dos cofres públicos acima do teto constitucional. De acordo com o Ministério Público, ele recebe duas aposentadorias, uma como ex-governador do Maranhão e outra como servidor do Tribunal de Justiça do estado, além do salário de senador em Brasília. Em 2007, as duas aposentadorias de Sarney somavam R$ 35,5 mil. Com o salário de senador na faixa dos R$ R$ 26 mil, a remuneração de Sarney seria de cerca de R$ 62 mil.

Houve abertura de inquérito para investigar o governo do Maranhão e o senador Sarney sobre o caso. O MP relatou que ambos se negaram a informar detalhadamente os valores recebidos a título de pensão, mas admitiram o recebimento dos pagamentos.

Atualmente, o Senado gasta, por mês, cerca de R$ 100 milhões com o pagamento a servidores aposentados e pensionistas.



CONTRARIANDO INTERESSES

quarta-feira, 10 de abril de 2013

NOVOS TRIBUNAIS

FolhadeSãoPaulo

Custos e gargalo nos TRFs opõem presidente do STF a juízes federais

Mais custos e aumento no número de funcionários públicos versus falta de magistrados de segunda instância e excesso de processos que não são julgados.

Esses são argumentos que opõem o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, e associações de juízes federais em relação à aprovação pela Câmara dos Deputados de emenda à Constituição que criará mais quatro TRFs (Tribunais Regionais Federais).

As entidades apoiaram as novas unidades em Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e Manaus, mas Barbosa atuou contra, apontando custos altos. Disse que o projeto foi aprovado na "surdina".
Segundo a pesquisa Justiça em Números de 2012, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a proporção de desembargadores da Justiça Federal em relação aos juízes de primeira instância é a menor do Judiciário --há menos mão de obra para os recursos que chegam à segunda instância.

Na Justiça do Trabalho, por exemplo, há 2.700 magistrados de primeiro grau e 487 desembargadores, uma relação de 5 para 1. A mesma proporção das Justiças estaduais.
Na Justiça Federal, a relação é de 15 juízes por desembargador. Segundo a Ajufe (Associação dos Juízes Federais), em média, cada magistrado tem cinco vezes mais processos do que os das Justiças do Trabalho e Estadual.

Por isso, os quatro novos TRFs desafogariam os processos. Hoje, a taxa de congestionamento (percentual de processos sem finalização no ano) da Justiça Federal é o maior do Judiciário: 67%.

O orçamento da Justiça Federal, incluindo o primeiro e o segundo grau, é de R$ 7,8 bilhões. Barbosa diz que o impacto anual dos quatros novos TRFs será de R$ 8 bilhões. Integrantes das entidades classistas e do CNJ ouvidos pela Folha estimam somente R$ 1 bilhão.

PAI É QUEM CRIA

Tatadetila

HIPERTENSÃO

Terra

Hipertensão: silenciosa, doença atinge um em cada três brasileiros

A doença não costuma apresentar sintomas e é descoberta de forma tardia Foto: Getty Images

O Dia Mundial da Saúde, comemorado neste domingo (07), coloca em debate a hipertensão arterial, responsável por 45% dos ataques cardíacos e 51% dos acidentes vasculares cerebrais, segundo a Organização Mundial da Saúde.  Silenciosa, a doença não apresenta sintomas na maioria dos casos, segundo o cardiologista da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Heno Ferreira Lopes, e os casos só aumentam, indica pesquisa do Ministério da Saúde: a proporção de brasileiros diagnosticados passou de 21,6% em 2006, para 23,3% em 2010. “Hoje, no Brasil, um em cada três brasileiros em idade adulta sofre com a pressão arterial elevada”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Roberto Franco.
“A maioria dos pacientes hipertensos não sente absolutamente nada porque a doença se vai se desenvolvendo aos poucos na vida da pessoa. Começa lá embaixo e vai aumentando no decorrer dos anos. O organismo vai se acostumando com a pressão e não emite alerta”, explicou Lopes. A ação discreta da hipertensão culmina no descobrimento tardio. Apenas quando a doença não é crônica, é possível perceber sintomas nos picos de pressão alta, como desconforto no peito, dores de cabeça, na nuca e visão com pontos cintilantes. 
Após anos de estudo, segundo o cardiologista, a pressão ideal foi definida em 140 por 90. “Maior, é considerada hipertensão”, reforçou Lopes. Os números citados, aplicados na prática, representam a tensão nas paredes dos vasos sanguíneos gerada pelo bombeamento do sangue, que é feito pelo coração. O número maior indica a pressão provocada quando o coração se contrai para distribuir o sangue e o menor, quando ele relaxa.  
A pressão alta pode começar cedo, segundo Lopes, 3% das crianças e adolescentes enfrentam o problema no mundo. No entanto, ela costuma “se instalar” entre 30 e 50 anos e tem mais risco de se desenvolver conforme a idade. De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, o índice de pacientes com idade entre 18 e 24 anos é de 8% contra 50% para a faixa etária acima de 55 anos. O diagnóstico de hipertensão é maior em mulheres (25,5%), do que em homens (20,7%). 
Além dos riscos de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral, a pressão alta pode prejudicar a visão, disse o oftalmologista Renato Braz. Segundo ele, a doença crônica provoca alterações na micro circulação, enrijece as artérias e pode causar trombose na retina. “É um quadro agudo, o sangue não passa pela veia, ocorre hemorragia e o comprometimento da visão”, detalhou.
Fatores de risco e tratamento
O histórico genético tem alto peso sobre a incidência da hipertensão. “Se o pai e a mãe têm, a chance é de 50%. Se apenas um dos genitores possui, vai para 30%. Mas mesmo quando o caso não é com os pais, mas com avôs, existe o risco”, disse Lopes. Maus hábitos alimentares, consumo de alimentos industrializados, obesidade, bebidas alcoólicas, uso frequente de descongestionantes nasais e abuso do sal intensificam os riscos. Pessoas com problemas renais, endocrinológicos, hipertireoidismo, hipotireoidismo, entre outras, têm mais tendência a desenvolver o problema. 
A prevenção, segundo os especialistas, é evitar todos os hábitos que aumentam a incidência da doença. “A receita é não ser sedentário, consumir legumes e frutas, controlar o consumo de bebidas alcoólicas e o estresse”, enumerou o cardiologista. O tratamento inclui uma rotina mais saudável e o uso de medicamentos de acordo com o perfil do paciente. 

TRISTE REALIDADE

Tatadetila

segunda-feira, 8 de abril de 2013

OS EFEITOS DA SECA

O estado de S. Paulo

Seca histórica destrói economia rural no Nordeste

Vidas secas. Aparecido e Valdenice em Águas Belas - leo Calda/AE

A rede de proteção social que inclui programas de transferência de renda dos governos federal e estaduais tornou menos dramáticos os impactos da seca no cotidiano da população do Nordeste, mas ainda é incapaz de impedir que a economia local entre em verdadeiro colapso durante períodos de longa estiagem.

A avaliação é de pesquisadores e autoridades ouvidas pelo Estado, que identificou em Pernambuco, Bahia e Alagoas uma realidade atenuada, mas ainda bastante difícil para o sertanejo que enfrenta a maior seca das últimas décadas na região.
Na terça-feira passada, em visita a Fortaleza (CE), a presidente Dilma Rousseff afirmou que, graças às ações de seu governo e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “a face da miséria nessa região não foi acentuada tão perversamente pela estiagem”. Para o professor João Policarpo Lima, do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a aposentadoria rural e projetos como o Bolsa Família e o Bolsa Estiagem dão às famílias do campo, de fato, uma alternativa à produção agrícola quando as condições climáticas ficam desfavoráveis, mas a quebra de safras e a morte de rebanhos provocam efeitos duradouros na economia local.
“A população pobre do semiárido fica menos vulnerável às secas, mas isso não significa que a população como um todo esteja imune, pois a economia entra em colapso e a população fora dessa cobertura fica desempregada ou perde suas outras fontes de renda”, afirma Lima. “Essa situação de hoje é menos ruim do que era há 40 anos, quando não havia programas de transferência de renda e apenas as frentes de emergência eram acionadas, de forma clientelística.”
Rebanho ameaçado. Nos últimos meses, Juvenal Lira Feitosa, de 53 anos, a mulher Iolanda e seus nove filhos dedicam seus esforços pela sobrevivência das 38 cabeças de gado mestiço, algumas cabras e galinhas e três porcos que criam no Sitio Poço Novo, na zona rural de Águas Belas (PE). Nos anos 1990, Feitosa tinha em sua propriedade apenas uma vaca. A partir do governo Lula, conseguiu crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), empréstimo bancário para arregimentar o pequeno rebanho.
O sustento da família vinha sendo garantido pela aposentadoria rural – um salário mínimo – da mulher e o benefício do Bolsa Família pago a quatro dos nove filhos do casal. A seca, porém, ameaça a outra fonte de renda. “A gente compra o mínimo para nós e com o resto tenta dar de comer o gado”, diz Juvenal, resignado.
A estimativa é que a estiagem provocou no Estado governado por Eduardo Campos (PSB), possível presidenciável em 2014, a redução de 710 mil cabeças de rebanho bovino – sendo que 150 mil morreram e o restante foi abatido precocemente. A bacia leiteira estadual sofreu queda de 72% na sua produção.
Êxodo na Bahia. Na Bahia do governador petista Jaques Wagner, a produção do sisal – usada na indústria têxtil – cai desde 2011. Os problemas no campo fizeram ressurgir mazelas sociais do passado. Mesmo com os benefícios sociais oferecidos pelos governos federal e estadual, o êxodo rural e migração a outros Estados, em especial aos do Sudeste, voltaram a ser registrados.
Na passagem por Fortaleza, Dilma anunciou pacote de R$ 9 bilhões para medidas emergenciais de enfrentamento da seca no Nordeste, Mas prefeitos de municípios do semiárido baiano e produtores agrícolas do Estado lamentaram o que chamaram de “superficialidade” das ações anunciadas pela presidente durante reunião da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Os administradores das cidades afetadas pela estiagem, liderados pela União dos Municípios da Bahia (UPB), resolveram criar um “Movimento dos Sem-Água” e prometem marchar até Brasília para cobrar “medidas objetivas e duradouras” para enfrentar a crise.
“Quando acontece alguma catástrofe no Sudeste, o governo responde na mesma hora. Queremos tratamento igual”, diz a presidente da UPB e prefeita de Cardeal da Silva, a 140 quilômetros de Salvador, Maria Quitéria Mendes (PSB). “Prometem recursos, ações, mas para conseguir um pouco do que é anunciado precisamos fazer grandes sacrifícios. É frustrante.”