domingo, 27 de março de 2011

NO FRIGIR DOS OVOS

Texto enviado por Rose Flor.                                          

                                                             
Encontra-se na net o seguinte texto relativo à resposta de um internauta
para uma pergunta de outro, que indagava:
 
Pergunta: 

Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de
linguagem, o que quer dizer a expressão ‘no frigir dos ovos’? 

Resposta: 

Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão
com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu
gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura
é doce mas não é mole, nem sempre você tem ideias e pra descascar esse
abacaxi só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou,
simplesmente, mandar tudo as favas. 

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o
mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-Maria, porque é de grão em grão
que a galinha enche o papo.

Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher
linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário
comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz
uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com
muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando
muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e
confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos,
eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese...etc.).
Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no
fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo
farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o
caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio
desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o
leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha
não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal
pimenta nos olhos dos outros é refresco.

A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar
batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome
com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.

Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo
quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha que no frigir dos
ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água
na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.

2 comentários: