sábado, 20 de outubro de 2012

AVENIDA BRASIL

Cristina Padiglione - O Estado de S. Paulo

Final da novela não deixou dúvida do estilo obra de folhetim

A revelação de que o pai de Carminha era o monstro maior deu uma pitada mexicana a Avenida Brasil - Divulgação

O fruto não cai longe da árvore. Se o autor João Emanuel Carneiro passou 178 capítulos flertando com o ritmo de seriado, ao criar situações com início, meio e quase fim em cada episódio, o 179.º capítulo não deixou dúvidas de que Avenida Brasil é obra feita do mais clássico folhetim. Vilã que assegurou uma vaga na galeria das maiores malvadas do gênero, Carminha (Adriana Esteves) teve um surto de justiça e redenção, como pediria qualquer último capítulo de novela. "Gente como a gente tem de pagar pelo que fez", disse a megera arrependida ao pai, Santiago (Juca de Oliveira).
Carmen Lúcia então salvou a ex-enteada, Nina (Débora Falabella), encerrando o duelo traçado ao longo de oito meses, e admitiu a Tufão (Murilo Benício) que o amou, a seu modo. E dá-lhe solo de violino, casamento e gravidez, tudo cena de último capítulo. Carmen Lúcia, que por várias ocasiões jurou que não desiste nunca, colocou-se à disposição das algemas e confessou a autoria do assassinato de Max (Marcello Novaes).
A revelação de que o pai de Carminha era o monstro maior, até então oculto aos olhos do espectador, deu uma pitada mexicana a Avenida Brasil, mas não lhe tira os méritos que fazem do título uma referência para a inovação do gênero. No lugar dos inverossímeis jograis que antes exigiam que cada ator esperasse a sua vez de falar, a novela aproximou a sala de estar da ficção da sala de estar da vida real. Todos falam ao mesmo tempo e, mesmo assim, são compreendidos pelo espectador.
O subúrbio não só ganhou protagonismo, como relegou a zona sul carioca ao posto da chacota. Embora muito se diga que o sucesso da novela está na identificação do Divino com a nova classe C, foi no segmento AB que Avenida Brasil levou pequena vantagem sobre a antecessora, Fina Estampa. A fatia de classe C no Ibope foi a mesma, da Barra da Tijuca de Tereza Cristina ao Divino da vez.
A trilha sonora fez jus ao gosto popular, ousando sofisticação na trilha incidental. E o elenco, protagonista absoluto da produção, há de causar crise de abstinência em quem se acostumou a ver Leleco (Marcos Caruso), Carminha, Adauto (Juliano Cazarré), Zezé (Cacau Protásio) e companhia às 9 da noite.
 

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