quinta-feira, 12 de maio de 2011

ATRASO NA REVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL


Posted by PicasaHenrique Santana, engenheiro civil, mestre em desenvolvimento e meio ambiente



Vejo como vergonhoso o que o Jornal Nacional denuncia nessa semana sobre a qualidade da educação no Brasil, em especial na escola pública. Não entendo como um desastre como esse não nos revolta mais fortemente. A qualidade no ensino público no Brasil vai muito mal. E o problema é grande.


 A escola pública é responsável por oito em cada dez alunos no ensino fundamental e médio no Brasil. São mais de 40 milhões de crianças e jovens nesta condição, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do ano passado. Não adianta maquiar os dados, inventando nomenclaturas, planos de remuneração de aluno somente por comparecer às salas de aula e a abolição da repetência. O ensino público, responsável por 80% do atendimento aos alunos brasileiros, segue ainda em decadência ou se recupera em uma velocidade incompatível com as demandas que se criam no mundo nesse início de século. 


O mesmo PNAD reconhece que os índices educacionais pioram, com taxas crescentes de repetência e evasão escolar e com a qualidade do ensino se demonstrando em declínio em todas as avaliações. 


Na base do problema está a nossa apatia como cidadãos e o desinteresse dos governos em atacar o problema de forma revolucionária, como é necessário. Falta participação social, decisão política e investimentos financeiros em montante compatível com o tamanho do desafio. Gestores despreparados, professores desvalorizados por baixos salários, projetos pedagógicos inadequados e escolas em péssimas condições físicas, um caos. Joga-se no mercado, anualmente, um batalhão de semi-analfabetos, onde 25% dos egressos do ensino médio não entendem o que conseguem ler. Uma revolução se faz necessário.


Os Estados Unidos fizeram isso em 1870, dobrando os investimentos na educação em 10 anos e universalizando o ensino. Ainda em 1910 todas as crianças americanas freqüentavam uma escola de tempo semi-integral. A China e a Coréia do Sul fazem um esforço parecido desde a década de 70. O Chile é um exemplo aqui na AL.


Aqui no Brasil, seria preciso, em primeiro lugar, resolver o gargalo do pacto federativo que divide as responsabilidades com o ensino público. O ensino infantil e fundamental é obrigação dos municípios e o ensino médio é atribuição dos estados. Isso não está funcionando. A distribuição dos recursos nacionais entre os entes federativos marcha para um impasse. 


Os municípios e estados, principalmente os mais pobres, ficam com o pires na mão, esmolando recursos para cumprir as suas responsabilidades. O Governo Federal não consegue fazer o dinheiro que arrecada (e como) chegar à ponta para financiar as prioridades brasileiras, como a educação deveria ser. Municípios ou estados ricos estão se diferenciando dos pobres pela qualidade do ensino que oferecem, criando ilhas de qualidade em um país que se diz nação. São necessários mecanismos que homogeneízem a qualidade da escola pública em todo o Brasil para perseguir níveis educacionais que sejam os melhores possíveis e que sejam disponibilizados de forma igualitária em todo o território brasileiro. 


O governo Dilma daria um passo gigantesco se tomasse esses rumos como foco estratégico do governo que se inicia. Fernando Henrique deu estabilidade à moeda e modernizou a economia. Lula transferiu milhares de brasileiros para a classe C, reduzindo a pobreza. Dilma, nos seus primeiros passos, deveria fazer a revolução na educação do Brasil. Vejo assim.

Um comentário:

  1. Melhor do que outorgar a volta do Dilúvio Soa Ares é proporcionar a revolução (a verdadeira) na educação. Só há um caminho para a libertação do homem: a educação. Henrique, meus leais cumprimentos.

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