sexta-feira, 29 de junho de 2012

À SUA SAÚDE

Por Flavio Cure Palheiro

Gordura continua vilã, nada mudou
Desde que a revista Veja chegou às bancas neste fim de semana, com a capa que fala da “redenção da gordura”, tenho sido perguntado sobre como ficam os alertas contrário ao seu consumo. Me perguntam: “Flávio, quer dizer que posso esquecer a dieta e me fartar com aquele torresminho?” Não. Não é nada disso. A capa da revista pesa na mão, para chamar a atenção para a matéria.

No entanto, quem ler com atenção a matéria publicada internamente verá que houve apenas uma pequena alteração nos índices de ingestão de gordura aceitos. Ou seja, um leve afrouxamento que, segundo o próprio texto, significa “…uma colher e meia de sopa de manteiga. Ou ainda a um bife de picanha.” a mais no consumo diário.
As gorduras, sabemos, têm importância, por exemplo, como fornecedora de energia, na ajuda à absorção de vitaminas, no metabolismo hormonal, no controle do colesterol, no funcionamento do intestino e contra o ressecamento da pele e dos cabelos. Mas sempre em porções limitadas.
As desculpas que tantos buscam para, digamos, “meter o pé na jaca”, não são oferecidas pela reportagem. Os estudos divulgados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia alteraram parâmetros para consumo de gorduras, mas mantiveram as restrições.
No caso da gordura saturada, encontrada em queijos, leite e carne animal, o percentual aceito para ingestão diária sobe de 7% para 10%. Na monoinsaturada (amêndoa, castanha-de-caju, abacate e óleo de oliva) vai de 12% para 15%.  Já na poli-insaturada (óleo de soja, de girassol e de milho), houve uma inversão. O limite sai dos 11% para 10%. Esses dados apresentados na reportagem têm como fonte a Dra. Ana Carolina Moron Gagliardi Miguel, nutricionista e pesquisadora do Laboratório de Metabolismo de Lípides do Instituto do Coração, em São Paulo.

Para a boa alimentação e preservação da saúde, a recomendação básica continua sendo a do equilíbrio. Nada de dietas radicais que cortam por completo determinados produtos e os substituem por outros.
É um erro, por exemplo, trocar as gorduras por carboidratos, como macarrão, pão ou batata, ou, até, por frutas. A falta de ingestão de gordura pode levar à elevação do colesterol no sangue, uma vez que o organismo compensa a falta do lipídio originário da gordura, com a transformação de carboidratos em gordura, na forma de triglicérides, que incham as células e contribuem para o famoso pneuzinho nas barrigas.
Mas, ao mesmo tempo, devemos ter em mente que o acúmulo de gordura continua como contribuinte para os males cardíacos, hipertensão, diabetes, colesterol alto, pedras na vesícula, cânceres de mama, útero, ovário e cólon e disfunções hormonais, entre outros.

Portanto, ainda não é dessa vez que a ciência vai oferecer uma boa desculpa para a despreocupação com a saúde. A prevenção continua sendo fundamental.
Nada mudou.

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