quinta-feira, 12 de julho de 2012

CREDIÁRIO COM JUROS ALTOS

Diário de Pernambuco
Nem a queda da Selic para 8% ao ano barateia o crediário
A transferência dos cortes na taxa básica de juros (Selic) para o bolso do consumidor tem sido pequena. Segundo simulações da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a redução anunciada ontem de 0,5 ponto percentual na Selic, para 8% ao ano, terá impacto “insignificante” no custo do crédito no Brasil. O encargo médio anual dos financiamentos, recuará apenas 0,88%, passando de 105,32% para 104,39%.

O descolamento é tamanho entre a taxa decidida pelo Banco Central e a realidade para os consumidores que, no início do ano, o governo se viu obrigado a intervir pesadamente no mercado de crédito. O Palácio do Planalto mandou os bancos públicos baixarem os juros para forçar a concorrência privada a acompanhar o movimento. 

Pelos cálculos de Miguel Oliveira, vice-presidente da Anefac, enquanto a Selic caiu 4,5 pontos percentuais de agosto do ano passado até ontem, os juros ao consumidor cederam 14 pontos, um movimento que só foi possível devido à mão pesada da presidente Dilma Rousseff. “Como a diferença é grande entre a Selic e os juros cobrados ao consumidor, vai demorar para que esses cortes façam uma diferença maior”, observou Oliveira.

Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), explica que a Selic é apenas um dos elementos que pesam sobre o custo do dinheiro. Segundo ele, a inadimplência, os depósitos compulsórios (parcela de recursos que os bancos são obrigados a guardarem no BC) e custos administrativos também estão inclusos na formação das taxas aos consumidores. “É preciso ver o custo de cada instituição. As taxas dependem do quanto o banco paga para captar recursos no mercado”, ponderou.

Pelas simulações da Anefac, o corte de ontem na Selic terá impacto de centavos no cheque especial. O correntista que usar R$ 1 mil do limite por 20 dias, economizará R$ 0,27 ante o que pagaria até ontem. Na compra de uma geladeira de R$ 1,5 mil, parcelada em 12 vezes, a diferença na prestação será de R 0,38 a menos e, no fim do crediário, de R$ 4,54. No financiamento de um carro avaliado em R$ 25 mil à vista, parcelado em 60 vezes, a prestação ficará R$ 6,82 mais barata e o valor total pago encolherá R$ 409,19. 

A decisão dos diretores do BC, ontem, também afetará o rendimento da poupança. Pelas novas regras, a rentabilidade da tradicional caderneta será apenas de 70% da Selic. Com a taxa em 8% ao ano, o retorno será de 0,46% ao mês. Até ontem, a variação era de 0,48%. Se o BC decidir manter os juros básicos nesse nível até julho de 2013, por exemplo, o rendimento total do período seria de 5,60%.

A projeção do mercado, porém, é de que a Selic caia mais 0,5 ponto percentual, para 7,5% ao ano, o que, caso se confirme, reduzirá o ganho da poupança para 0,43% mensal e 5,25% anuais. Ontem, o Senado aprovou a medida provisória que muda as regras de remuneração da caderneta.

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