O crime compensa?
DE
BRASÍLIA
Há uma
enorme perplexidade, sobretudo em Brasília, diante dos sucessivos erros de Lula
depois de sair da Presidência e assistir, da planície, ao sucesso de Dilma no
Planalto e nas pesquisas.
A aliança
de Lula com Paulo Maluf, porém, tem uma lógica eleitoral (certa ou errada) e
combina perfeitamente com todos os movimentos de Lula durante seus oito anos na
Presidência, resumidos numa frase: vale tudo pelo poder.
Ao
juntar-se a Maluf e anunciar a aliança no bunker malufista, diante de uma
multidão de fotógrafos, Lula sobrepôs o que considera ganhos eleitorais
(quantitativos) a inevitáveis perdas políticas (qualitativas).
Explico:
ele vendeu o PT a Maluf por um minuto e meio e pelo ainda forte capital de
votos de Maluf em setores conservadores e na periferia da capital paulista. E
deu de ombros para a evidente reação de petistas, tucanos ou marcianos.
Fazendo o
cálculo, Lula concluiu que valia a pena prestar-se ao que Luiza Erundina chamou
ontem de "higienização" de Maluf. A imagem do PT? Já não anda lá essas
coisas mesmo desde o mensalão...
Pragmatismo
em puríssimo estado, tão ao gosto de quem se atirou com tanto prazer nos braços
de Collor, de Sarney, de tantos outros inimigos históricos do PT. E, quando se
fala de Maluf, a questão não é ideológica, programática, política. A questão é
visceralmente ética.
Registre-se,
de quebra, o protagonismo de Lula e a inexpressividade do próprio candidato
Fernando Haddad. Em todos os episódios, com Marta, Kassab, Maluf, Erundina, ele
parece um mero figurante, de cabelo novo, roupa nova, sorriso novo e
completamente dispensável seria deselegante falar em marionete.
Um efeito
prático no grave erro político do abraço a Maluf, portanto, é que Haddad vai
aumentar e Lula vai reduzir a presença em cena. Nos bastidores, porém,
continuará ensinando ao pupilo que o crime compensa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário