quarta-feira, 2 de novembro de 2011

IDH BRASIL

Terra

Brasil avança em ranking de IDH, mas desigualdade persiste


Embora o Brasil tenha aumentado ligeiramente seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) neste ano e subido uma posição no ranking global do indicador, o país mostrou resultados piores quando considerada a desigualdade social e a de gênero, segundo o Relatório de Desenvolvimento de 2011 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Em 2011, o IDH brasileiro chegou a 0,718 ponto, valor 0,003 ponto superior ao de 2010. O desempenho fez o País ultrapassar a nação caribenha de São Vicente e Granadinas e alcançar a 84ª posição entre 187 países. Com isso, o Brasil permaneceu no grupo de países com IDH elevado, uma categoria abaixo das nações com IDH muito elevado e acima das nações com IDH médio ou baixo.
O IDH, que varia entre zero e 1 (quanto mais próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento humano), leva em conta as realizações médias de um país em três dimensões: a possibilidade de usufruir de uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno.
Como em 2010, o ranking deste ano é liderado por Noruega (0,943), Austrália (0,929) e Países Baixos (0,910). Na América do Sul, o Brasil obteve um índice superior aos de Colômbia (0,710), Suriname (0,680), Paraguai (0,665), Bolívia (0,663) e Guiana (0,633). Já Chile (0,805), Argentina (0,797) - ambos na categoria de IDH muito elevado -, Uruguai (0,783), Venezuela (0,735), Peru (0,725) e Equador (0,720) ficaram à frente do Brasil.
Desigualdade social
Ainda que tenha evoluído neste ano, o IDH brasileiro despenca para 0,519 (desvalorização de 27,7%) quando são considerados indicadores que medem a desigualdade social. O Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (Idhad) combina o IDH com dados que levam em conta a equidade no acesso a saúde, educação e renda. Em situação de igualdade perfeita, o IDH e o Idhad são iguais; quanto maior a diferença entre os dois, maior a desigualdade.

Por esse cálculo, publicado pela primeira vez neste ano, o Brasil obtém a 73ª posição entre 134 países. O Idhad brasileiro é inferior ao de muitas nações que estão atrás do País no ranking do IDH, como Gabão (com Idhad de 0,543), Sri Lanka (0,691) e Uzbequistão (0,549).
Nas duas primeiras posições do ranking do IDH, Noruega e Austrália também ocupam os dois primeiros postos na lista do Idhad. Em terceiro lugar, porém, está a Suécia - que só ocupa a 10ª posição no ranking do IDH.
Já os Estados Unidos, que ocupam a quarta posição no ranking do IDH, despencam para o 23º posto na lista do Idhad, principalmente devido à desigualdade de renda e, em menor grau, ao acesso à saúde.
No Brasil, a desigualdade de renda também é a principal responsável pela perda de pontos no Idhad, seguida pela desigualdade na educação e na expectativa de vida. O Brasil também tem seu desempenho prejudicado quando a desigualdade entre homens e mulheres é levada em conta. Nesse quesito, o País fica na 80ª posição entre 146 nações. O ranking é liderado por Suécia, Países Baixos e Dinamarca e tem, nas últimas posições, Iêmen, Chade e Níger.
Destaques
Embora revele a disparidade social e de gênero no País, o relatório elogia práticas adotadas pelo Brasil nos últimos anos, como a expansão no acesso à água e a criação do Bolsa Família, programa de transferência de renda que beneficia famílias mais pobres. O documento afirma que o programa custa apenas 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e pode estar por trás da diminuição do fosso de renda entre os trabalhadores de alta e baixa especialização nos últimos anos.

O Pnud também atribui a diminuição na desigualdade de renda à expansão da cobertura do ensino básico nas últimas décadas, mas alerta que dificuldades no acesso ao ensino universitário enfrentadas pelos mais pobres podem impor obstáculos a essa tendência.
O relatório cita ainda melhorias promovidas por Curitiba nos setores de planejamento urbano e transportes para enfrentar o crescimento demográfico rápido. "A cidade tem agora a mais elevada taxa de utilização de transportes públicos do Brasil (45% de todas as viagens) e uma das mais baixas taxas de poluição do ar do País."
Também merecem elogios o desenvolvimento, pelo governo federal, de sistemas de esgotos residenciais mais baratos e a implantação, desde os anos 1960, de um sistema nacional de distribuição de gás de cozinha - ambos os fatores, diz o relatório, contribuíram com o avanço do IDH brasileiro nos últimos anos.

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