sábado, 19 de novembro de 2011

FLAMENGO X RONALDINHO

Oglobo

Sem salário e sem futebol, Ronaldinho vive má fase no Fla

Ronaldinho diante da bola, com quem anda de mal Foto: Alexandre Cassiano / O Globo

RIO - “Errou quase todos os dribles e passes, inclusive o que originou o contra-ataque que terminou no pênalti para o Figueirense. Nota 2”. A crise que se mantinha fora de campo entrou nas quatro linhas no empate sem gols do Flamengo com o Figueirense na noite de quinta-feira, refletida nas vaias da torcida a Ronaldinho Gaúcho e na nota atribuída à sua atuação pelo GLOBO. Pivô dos atritos entre o Flamengo e a Traffic - que passaram as últimas semanas discutindo detalhes dos contratos que formalizarão a parceria que trouxe o craque à Gávea e que até hoje não foram assinados -, o camisa 10 viu a relação com os torcedores azedar. Depois de mais uma atuação ruim, Ronaldinho perdeu o crédito e foi alvo de vaias durante o segundo tempo.

À saída de campo, ele mesmo resumiu:
- As vaias são especialmente para mim, não vou discutir. Eu não joguei bem, nada deu certo. Agora é treinar mais para colocar o Flamengo de volta à Libertadores.

Depois, foi a vez de o técnico Vanderlei Luxemburgo comentar a má fase de seu principal jogador. Mantendo o discurso de que os mais experientes precisam ser cobrados, Vanderlei considerou normais as vaias e explicou por que não substitui o camisa 10.
- Quem tem que ser cobrado é o Luxemburgo, o Ronaldo, o Thiago. Se não render, vai ser vaiado, eu serei xingado de burro. No Flamengo, a torcida não perdoa, o clube é assim. Ou você entra em campo, se aplica, sai com status de melhor em campo, ou vai ser vaiado - disse o treinador, acrescentando que espera uma melhora de Ronaldinho nos três jogos finais. - Tirar o Ronaldo, como já tirei outros jogadores, é normal. Mas tenho que mantê-lo em campo, porque foi contratado para ser o grande jogador, a referência do time. Tenho que mantê-lo porque pode decidir um jogo. Seria muito fácil tirá-lo. Mas precisamos do Ronaldo craque, foi contratado para isso.

Nesta sexta-feira, dirigentes do Flamengo e da Traffic voltam a se reunir para discutir detalhes dos contratos. Embora em ambos os lados ainda haja a certeza de que haverá acordo, ainda há pontos distantes de um consenso e a assinatura do compromisso deverá ficar para a semana que vem. A demora em formalizar a parceria levou a Traffic a suspender, desde agosto, o pagamento de sua parte (R$ 750 mil mensais) do supersalário de Ronaldinho, como forma de pressionar o clube.

Esta crise tem gerado outros atritos entre as três partes (Flamengo, Traffic e Ronaldinho). No jogo com o Figueirense, os jogadores do Flamengo entraram em campo com uma estrela brilhante junto ao peito do uniforme, em referência aos 30 anos do título mundial de 1981. A homenagem foi promovida pelo patrocinador master do uniforme, a Procter & Gamble (P&G), que tem uma marca de pilha entre seus produtos. Ronaldinho, por iniciativa própria, recusou-se a participar da homenagem e foi o único jogador a não entrar com a estrelha brilhante no uniforme. O acerto da P&G com o Flamengo não foi intermediado pela Traffic, o que irritou a empresa parceira do clube e foi a gota d'água para que ela suspendesse o pagamento dos salários do astro.

A recusa de Ronaldinho em participar da homenagem provocou incômodo no clube.
- Ele jogando desse jeito também não ajuda - comentou um dirigente rubro-negro após a partida.

Em meio aos problemas, Assis, irmão e empresário do craque, tem recebido propostas por Ronaldinho. Como a multa rescisória é alta (R$ 400 milhões para clubes do exterior), ainda é improvável que ele saia do Flamengo. Mas a demora na assinatura dos contratos, o baixo rendimento dentro de campo e agora as vaias da torcida criaram um ambiente de crise no momento mais importante da temporada.

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