domingo, 11 de setembro de 2011

JUVINO BARRETO



Jeanne Nesi, in Caminhos de Natal

Juvino César Paes Barreto nasceu no município pernambucano de Aliança, a 2 de fevereiro de 1847, filho do coronel Leandro César Paes Barreto, republicano e insurgente da Revolução Praieira (1848), e Umbelina de Medeiros César.

Aos 10 anos de idade, Juvino ficou órfão de pai e passou a trablhar como caixeiro viajante, em um estabelecimento de Nazaré (PE). À noite, ele ainda trabalhava em uma pequena oficina de encadernação, instalada em sua própria residência. Em 1869, associou-se ao irmão, Júlio Barreto, estabelecendo-se em Macaíba, neste Estado.

Juvino Barreto casou-se em 28 de janeiro de 1873, com Inês Augusta Paes Barreto, filha de Amaro Barreto. Transferindo-se para o Recife, ali passou a dirigir a firma Júlio & Irmão. Voltou em seguida, passando a residir com o sogro e com um cunhado, Fabrício Maranhão, no Porto de Guarapes, em Macaíba.

Juvino sonhou um dia construir uma fábrica de tecidos em Natal. Tirol proveito das Leis Nºs 732, de 9 de agosto de 1875 e 773, de 9 de dezembro de 1876 e dispôs de 8.000 metros quadrados de terreno, no começo da então Rua da Cruz.

Comprou na Inglaterra as mais modernas máquinas existentes na época, com o compromisso de pagá-las com os lucros obtidos.

Em 24 de maio de 1886, lançou a pedra fundamental do edifício fabril, em cerimônia presidida pelo presidente da província, José Moreira Alves da Silva. A fábrica foi inaugurada em 21 de julho de 1888. Junto à fábrica, Juvino construiu vila, escola, capela e prestou assistência médica completa aos seus operários.

Segundo Câmara Cascudo, Juvino era homem "pequeno, forte, moreno, barba cerrada, sempre de casemira, com um revólver metido entre a calça e o colete, revólver que jamais disparou".

Juvino Barreto era católico fervoroso, caridoso e de grande visão social, tendo sido considerado um modelo ideal de patrão. Foi o fundador da "Libertadora Macaibense", conseguindo um grande número de alforrias de escravos. Foi condecorado com a Imperial Ordem da Rosa, pelos serviços prestados à causa abolicionista. Também foi sócio do Clube do Cupim e Oficial Superior da Guarda Nacional.

Em frente à sua fábrica, Juvino construiu um notável palacete, que hoje abriga o Colégio Salesiano São José, e ali criou seus 14 filhos. A casa foi construída em um imenso sítio que abrangia todo um quarteirão.

Ainda em vida, Juvino doou, conjuntamente com a esposa Inês, a casa com todas as benfeitorias existentes na chácara à Ordem dos Salesianos, que somente poderia tomar do imóvel após o falecimento do cônjuge sobrevivente.

Juvino Barreto, conhecido como "o pai dos pobres", faleceu em sua residência em 9 de abril de 1901. A cerimônia triste, grandiosa e solene do enterro, contou com a presença de quase 3.000 pessoas. Naquele dia, o cemitério foi fechado.

Juvino Barreto foi um planejador vitorioso, que introduziu em Natal a primeira máquina Lowell. Trouxe ele da Inglaterra o que havia de mais moderno em máquinas e tecnologia, visando a implantação de sua fábrica na Ribeira. Contando com 48 teares, 1.600 fusos, 9 cardas, com motor de 60 HP, fabricava quatro tipos de tecidos grossos, beneficiando o algodão que descia do interior da província, em lombo de animais.

A casa residencial de Juvino Barreto foi construída no final do século XIX e acha-se localizada no atual Largo Dom Bosco, no lado oposto à fábrica, dentro de um imenso sítio que abrangia um quarteirão inteiro. Era uma propriedade bem cuidada, com pomar, cachoeira, cacimba (chamada Cacimba de São Tomé), além de outras dependências, tudo envolvido por uma paisagem exuberante, constituída de frondosas mangueiras e pontilhada de belas palmeiras imperiais...

Um comentário: